A partir do dia 1 de Setembro, os aspiradores ruidosos e ineficientes que consumam mais de 900 watts e excedam os 80 decibéis deixarão de ser permitidos no mercado da União Europeia (UE).

Os modelos mais eficientes exibirão uma classificação A+++, com base na eficiência de energia e na recolha de pó conseguida. O incómodo causado por diversos equipamentos domésticos é muito substancial, dado que o ruído, só para comparação, excede o de um camião a passar próximo ou os locais mais ruidosos de trânsito em grandes cidades como Lisboa e Porto.

A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, em conjunto com outras associações ambientais e de consumidores à escala europeia, têm-se congratulado com as novas regras da UE que têm sido delineadas para aumentar a eficiência energética, a fim de reduzir as emissões de carbono e as contas de energia.

As regras definidas em 2013, que também incluíram uma proibição em 2014 de aspiradores mais potentes que 1600 watts, economizarão no total da União Europeia cerca de 20 terawatt-hora por ano até 2020. Isso equivale a 40% do consumo anual de electricidade de Portugal. Como resultado, a Comissão Europeia estimou que os consumidores da UE podem economizar até 70 euros nas contas de energia ao longo da vida de um produto mais eficiente.

Os consumidores também poderão beneficiar de novos requisitos de durabilidade no motor e na tubagem, o que fará com que os aspiradores durem mais tempo.

 

Além disso, ao remover modelos que excedem os 80 decibéis de ruído do mercado, a proibição também evitará efeitos adversos para a saúde relacionados com a poluição sonora e à reemissão de poeira.

 

De acordo com especialistas, a exposição repetida a altos níveis de ruído na ordem de 85 decibéis pode causar perda auditiva permanente e outros problemas.

 

Refira-se, no entanto, que a potência de um aspirador nem sempre é igual ao desempenho, embora o equívoco se tenha generalizado.

 

Após a primeira introdução dos novos requisitos em 2014, a associação de consumidores britânica ‘Which?’ testou diferentes modelos e descobriu que alguns deles "conseguiam manter elevados padrões de remoção de poeira e detritos, enquanto utilizavam significativamente menos energia, em grande parte graças a inovações no design do bocal em contacto com o piso".

 

Tal facto não é surpreendente, já que o tamanho do motor não reflecte necessariamente a eficácia dos aspiradores. Mesmo os motores mais potentes podem apresentar um mau desempenho se o design do aspirador estiver desactualizado e permitir fugas. A eficiência é o parâmetro mais importante, e não a potência pura. É por isso que alguns fabricantes produziram motores de potências inferiores a 900 watts desde há anos.

 

Efectivamente, é difícil não se ficar impressionado com o impacto positivo que a etiqueta energética tem tido sobre a pegada de carbono da indústria.

 

Dito isto, é provável que já muitos portugueses tenham comprado um aspirador mais eficiente devido à melhoria dos padrões tecnológicos e dos recentes desenvolvimentos do mercado.

 

Em Portugal há já uma vasta gama de aspiradores que cumpre as novas regras, sendo que a venda de aparelhos em stock com indicadores acima do agora permitido continuará a ocorrer, mas o consumidor deve escolher os mais ecológicos e amigos da saúde.

 

Na UE, apenas um ano após a entrada em vigor dos novos padrões, uma avaliação do mercado mostrou que produtos mais eficientes em termos de energia estão a substituir rapidamente os modelos ineficientes. Em 2015, produtos de classe A eficientes em termos de energia já representavam 39% das vendas.

 

O que pode ser melhorado? Segundo a ZERO, apesar dos benefícios para os consumidores e para o ambiente, ativistas ambientais e alguns fabricantes advertiram que as metodologias de teste precisam refletir melhor as condições reais da vida. O problema é que os testes laboratoriais são actualmente executados exclusivamente com sacos de pó vazios, embora o pó possa afetar a eficiência energética de um aspirador e, portanto, resultar num desempenho mais fraco à medida que os sacos acumulam pó.

 

Também é lamentável que, devido a um longo processo de consulta, os novos rótulos de eficiência energética para aspiradores ainda exibam vantagens confusas (A +, A ++, A +++), enquanto a legislação mais recente da UE sobre rotulagem energética reverteu a etiqueta para a escala original fechada A-G, bem mais directa.

 

Para a ZERO, os requisitos de eficiência energética são, pois, o tipo de ferramenta simples, de bom senso, da qual a UE pode se orgulhar.

 

Ao introduzir aparelhos domésticos melhores e mais eficientes, estas políticas podem evitar que produtos desperdiçadores e prejudiciais para o ambiente sejam vendidos na Europa. Eles economizam dinheiro dos consumidores sem perda de desempenho. O aparelho médio agora faz o mesmo trabalho por cerca de um quinto a menos de energia consumida.

 

Os padrões de eficiência energética foram feitos para proteger e beneficiar as pessoas.

 

A ZERO reafirma que, se um consumidor quiser comprar um aspirador eficiente e potente, a etiqueta energética irá guiá-lo na direcção certa.