Tudo leva a crer que a instalação de um parque eólico no Alto dos Forninhos, no Parque Natural da Serra de São Mamede, em Portalegre, será, dentro em breve, uma realidade. Por isso mesmo, a Quercus alerta para os vários problemas que já foram detectados e para outros que estão a ser analisados.
A Quercus explicou que “é favorável à utilização de energias renováveis em vez de energias não renováveis, contudo é importante relembrar que mesmo as energias renováveis não têm impactes neutros no ambiente e, nalguns casos, os efeitos podem ser mesmo muito negativos. No caso dos parques eólicos em particular, são necessários cuidados acrescidos e assim, como posição de princípio, a Quercus é desfavorável à implantação de parques eólicos dentro das Áreas Classificadas.”
Por isso mesmo, e tendo em consideração que “a instalação dos parques eólicos pode ter efeitos negativos na paisagem, geologia, flora e fauna das regiões onde são implantados, tais circunstâncias obrigam a que os mesmos devam ser sempre objecto de avaliações adequadas, antes, durante e depois da sua implantação, de forma a evitar efeitos indesejáveis. Isso não aconteceu no parque eólico do Alto dos Forninhos, onde pelos impactes que se prevêem ocorrerem, por exemplo ao nível da fauna (morcegos e aves sobretudo), deveria ter sido realizada uma Avaliação de Impacte Ambiental, mas apenas foi realizada uma Avaliação de Incidências Ambientais”.
Esta associação alerta também para o facto de “os impactes visuais do parque eólico são já objecto de críticas de muitas pessoas residentes na zona e esse impacto na paisagem ultrapassa em muito os dez quilómetros avaliados, sendo que a muitos mais quilómetros de distância, é o próprio perfil da Serra de São Mamede que fica alterado”.
A Quercus tem ainda verificado que “existiram alterações ao próprio projecto, tais como o alargamento da Estrada Municipal 522 (estrada florestal), que nem sequer estava previsto no projecto inicial, e que tais alterações provocam ainda um maior impacte na flora e na fauna, através da pressão humana acrescida e da criação de um efeito barreira nessa área.”
Por todos estes factores, a Quercus, no ano em que se comemoram os 25 anos da criação do Parque Natural da Serra de São Mamede, “apela a que as populações possam participar na discussão do que está a ocorrer neste Parque Natural, com vista a darem um maior contributo para a preservação do bem comum que é a serra”.
Foto: Município de Marvão