O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e o Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (ARTIS) vai levar a cabo o Congresso “De Viollet-Le-Duc À Carta De Veneza - Teoria e Prática do Restauro no Espaço Ibero-Americano”. Este evento realiza-se nos dias 20 e 21 de Novembro de 2014, no Centro de Congressos do LNEC, em Lisboa.
Celebram-se em 2014 o segundo centenário do nascimento do arquitecto francês Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc, o centenário da morte do arquitecto e literato italiano Camillo Boito e os 50 anos da Carta de Veneza. De forma a assinalar estas efemérides, o Congresso do LNEC propõe-se uma reflexão sobre as circunstâncias da teoria e da prática do restauro arquitectónico em países cujos percursos históricos estiveram ligados no passado e que, no caso de Espanha e de Portugal, registaram nos últimos dois séculos singulares correspondências.
A desamortização dos bens das ordens religiosas que depois se estende ao clero secular; a incipiente resposta por parte do Estado na criação de um processo de salvaguarda e valorização de um rico património artístico; a venda, por vezes, abusiva deste património para o estrangeiro, onde veio a engrossar grandes coleções; a evocação do passado áulico dos Descobrimentos, ao serviço de um discurso de propaganda e poder de regimes autoritários, são algumas das singularidades comuns, com efeitos na herança artística dos dois países.
Se a prática do restauro estilístico se impôs, por terras ibéricas, logo no século XIX, admirando-se as propostas de Viollet-le-Duc, nem sempre existiu uma compreensão total nem um domínio do pensamento deste arquitecto. Já no século XX, quando se torna objecto de rejeição, a unidade de estilo surge tentadora e dominante na realidade ibérica resultante de condicionalismos mentais diferentes daqueles que a viram nascer. Contudo, vão emergindo perspectivas críticas, e é significativo que do comité redactorial da Carta, aprovada no congresso dos arquitectos e técnicos de restauro realizado na cidade de Veneza em 1964, fizessem parte o espanhol José Bassegod Nonell (1930-2012) e o português Luís Benavente (1902-1993).
Partindo desta base, o Congresso do LNEC pretende debater as seguintes temáticas: Teóricos do restauro e teorias do restauro no espaço ibero-americano; práticas do restauro seguindo o contexto teórico, ou contra ele; casos paradigmáticos; arquitectos, artistas e restauradores - entre a produção arquitectónica e artística contemporâneas e o restauro das obras do passado; influências, cruzamentos e oposições na comparação entre as abordagens em países distintos; os monumentos e o restauro enquanto afirmações nacionais e instrumentos políticos; Consciência patrimonial: o percurso de “Monumento Histórico” a “Património Nacional” e a “Património da Humanidade”; a percepção evolutiva do monumento nos diversos países e o papel da propaganda estatal na sua conformação; o monumento como um todo: a arquitectura e as artes decorativas; o restauro numa perspectiva multidisciplinar; casos de estudo; Evolução das técnicas de restauro com a evolução tecnológica; entre outros assuntos conexos.