O projecto do novo terminal de contentores do Barreiro vai contar com o apoio de Bruxelas e de privados. Mau grado, nem todos estão de acordo quanto à forma como a localização deste projecto tem sido apresentada, o Bastonário da Ordem dos Engenheiros é uma das vozes que lança este alerta.

O secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, que presidiu à assinatura de constituição do consórcio ‘viaLisboa’, entre a Administração do Porto de Lisboa, a Câmara Municipal do Barreiro, a Câmara Municipal do Seixal, a Baía do Tejo e a Infraestruturas de Portugal, explicou que o novo terminal de contentores do Barreiro “não se restringe ao terminal de contentores no Barreiro, é a sua face mais visível, pois tem também uma requalificação do território, a redução da pegada ambiental e aumento da capacidade de navegabilidade do Tejo”. Acrescentando que se trata de um projecto que “teve grande apoio de Bruxelas” e que “validou a candidatura”. Para o efeito, o consórcio vai aplicar a candidatura de cerca de seis milhões de euros ao nível dos estudos que vão ser necessários para a localização do novo terminal de contentores no concelho do Barreiro.

Este projecto está orçado em cerca de 600 milhões de euros e, segundo avançou Sérgio Monteiro, “será desenvolvido por capital privado, não há fundos públicos no novo terminal”, uma vez que o que se pretende é obter uma “maior concorrência nos portos, mais operadores e ter capacidade de reduzir o custo da factura portuária”.

No evento ficou-se ainda a saber que as administrações portuárias vão ser responsáveis pelas partes comuns, dando-se a título de exemplo as dragagens e os molhes de protecção. No entanto, as receitas serão provenientes de taxas cobradas aos operadores privados.

A presidente da APL anunciou também que já estão em curso as notificações das empresas que concorreram para efectuarem o Estudo Prévio e o Estudo de Impacte Ambiental do futuro terminal de contentores. Marina Ferreira anunciou que “os três primeiros lugares são de três empresas que nos satisfazem plenamente”. Salientando, no entanto, que “esta fase é ainda preliminar, não é definitiva” mas que “em primeiro lugar ficou o consórcio Consulmar, em segundo a Proman e em terceiro a WW”.

Esta responsável referiu ainda que vai avançar o concurso de ideias para a Estratégia Urbanística de Reconversão da Zona Industrial e Portuária do Barreiro, que vai contar com a colaboração da Ordem dos Arquitectos, e o projecto de requalificação do cais da Siderurgia no Seixal.

Em relação às críticas que este projecto tem sido, o secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações disse “os que dizem que estão contra querem que outros operadores que já existem cresçam, não querem a entrada de novos operadores. Para nós é bom ter operadores em Setúbal, Barreiro, Lisboa, Aveiro, Leixões, Sines ou Figueira da Foz.

Uma das vozes que tem tecido algumas críticas a esta obra é o Bastonário da Ordem dos Engenheiros. Auscultado pelo Magazine Imobiliário, Carlos Matias Ramos, explicou que “tenho manifestado o meu desacordo relativamente à forma como esta localização do Terminal de Contentores no Barreiro tem sido apresentada, num processo de decisão política que julgava abandonado, face a erros anteriores e que conduziram a decisões desajustadas ao interesse do País, em que se decide primeiro e se estuda depois, orientando os estudos para a justificação da decisão”.

Carlos Matias Ramos esclareceu também que “as minhas reservas são sustentadas na forma como o problema tem sido repetidamente apresentado. Necessariamente e como engenheiro apoiarei qualquer solução que se revele adequada aos interesses da região e, sobretudo, do País, e cujas vantagens e solidez coletivas se demonstrem inequívocas”.

Por isso acrescenta, “que fique muito claro”, “defendo uma solução sustentada numa análise técnica, económica e de ordenamento do território muito rigorosas e numa estratégia nacional de aproveitamento integral das nossas infra-estruturas portuárias. A minha posição tem sido a de estimular a reflexão e o debate sobre projectos que envolvam investimentos públicos, quer na componente determinante da atividade profissional dos engenheiros, quer na sua contribuição para o progresso económico e social do País. Infelizmente é fácil concluir que na decisão sobre os investimentos associados a esta obra prevalece a vontade em detrimento da viabilidade”.

Foto: Baía Tejo