Em Outubro de 2012 era anunciado que cinco empresas portuguesas iam construir 50 mil habitações na Argélia, passando mais tarde para 75 mil. Mas tudo não passou de um grande 'flop'.

A notícia avançada pelo site Engenharia & Construção explica toda a história. Em Outubro de 2012 surgiam as melhores notícias para um sector que se afundava na crise e onde se ouviam todos os dias empresas da construção em processos de insolvência ou falência: cinco empresas portuguesas iam construir 50 mil habitações na Argélia.

Em Fevereiro de 2013 esta notícia torna-se oficial através do então ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. Mas desta feita é anunciado não cinco mas quatro empresas, e não 50 mil habitações mas 75 mil. Entre essas empresas estava o Grupo Lena, Prebuild, Painhas e Gabriel Couto.

Dois anos depois, o negócio que iria fazer com que o sector da construção em Portugal recebesse quatro mil milhões de euros devido a obra directa e exportação de materiais, acabou por ser um 'flop' gigantesco. É que o mesmo implicava a parceria de capital com uma empresa estatal argelina.

Segundo adiantou o presidente da Lena, Joaquim Paulo Conceição, "os preços eram tabelados e absolutamente impraticáveis. Era para perder muito dinheiro". Ainda assim, como este grupo já se encontrava no mercado argelino e já tinha construído cinco hospitais, estradas e portos, ainda tentou renegociar as condições, mas o governo argelino não cedeu pois tinha como certo que as empresas chinesas aceitariam aquelas condições.

A Engenharia & Construção adianta também que as empresas Gabriel Couto e a Painhas nem sequer chegaram a entrar no mercado argelino.

Só a Prebuild fez uma joint venture com uma empresa local e conseguiu a adjudicação de um complexo de 20 mil casas na cidade de Blida, tendo investido 350 mil euros na instalação de uma central de betão e deslocado para a Argélia 20 técnicos. Mau grado, um responsável da Prebuild afirmou que a parceria esbarrou na "legislação argelina e na falta de empenho da diplomacia económica". Além das margens esmagadas, esta empresa portuguesa revela teria que pagar aos seus engenheiros pela tabela salarial do parceiro argelino, o que significa que um engenheiro só poderia ganhar, no máximo, 350 euros por mês. Com a parceria desfeita, decorre o acerto de contas, e a obra ficou a cargo do parceiro argelino. 

Foto: "Alger View Oct-2010 IMG 1039" por Poudou99 - Obra do próprio. Licenciado sob CC BY 3.0, via Wikimedia Commons - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Alger_View_Oct-2010_IMG_1039.JPG#/media/File:Alger_View_Oct-2010_IMG_1039.JPG