De acordo com a consultora CBRE, a reabilitação de edifícios na cidade de Lisboa continua a aumentar a um ritmo exponencial. Mau grado, a promoção imobiliária continua muito focada na área residencial e turística.

A propósito do Salão Imobiliário de Portugal, a CBRE Portugal divulgou os resultados do ‘Lisbon Residential Brick Index’, segundo o qual, ao longo do primeiro semestre de 2016, se estima que tenham sido remodelados ou concluídos 27 edifícios de habitação em Lisboa, a maioria localizada no centro histórico da cidade, com 44% dos imóveis na zona do Chiado, Bairro Alto e São Paulo.

Esta dinâmica tem sido acompanhada por iniciativas públicas, como ampliações de passeios públicos, introdução de espaços verdes e melhor organização do parque automóvel.

A promoção imobiliária continua assente na reabilitação de edifícios, com muito poucos projectos de construção nova. Encontram-se actualmente em construção mais de 130 edifícios, dos quais 46 em comercialização, totalizando mais de 1.000 fogos. A grande maioria tem tipologias pequenas denotando uma vocação para o investimento e ocupação temporária, como segunda residência ou arrendamento turístico.

O número de edifícios com mais de 50 fogos é reduzido, apenas quatro empreendimentos, o que corresponde a 10% da oferta em construção e comercialização. O Sottomayor Residences com 97 apartamentos, junto à Avenida da Liberdade, é o maior empreendimento de residencial em construção neste momento.

O valor médio pedido pelos fogos em construção e comercialização é de 5.550€/m2, aproximadamente o mesmo que foi observado no final de 2015. Contudo, os fogos já construídos têm um preço médio de 5.900 €/m2.

As zonas mais valorizadas são as do Chiado, Bairro Alto e São Paulo, com preços médios de 6.200€/m2 e da Avenida da Liberdade e Príncipe Real, com 6.000€/m2.

O turismo na cidade de Lisboa continua a aumentar, pelo que o arrendamento turístico de curta duração garante aos investidores rentabilidades entre os 4% e os 5% para períodos entre os três e os 10 anos. Os chineses e franceses são os principais investidores estrangeiros em Lisboa, sendo que os primeiros beneficiam do programa Golden Visa e os segundos do regime de residentes não habituais.

No total, estima-se que entrem no mercado em Lisboa, ao longo de 2016, 60 edifícios de habitação, um acréscimo de 38% relativamente aos números de 2015. Para 2017 está prevista a conclusão de 82 edifícios na capital, que correspondem a 900 novas habitações.

A acompanhar essa tendência, o crédito à habitação continuou a crescer exponencialmente e entre Janeiro e Junho de 2016 verificou-se um aumento de 62% relativamente ao mesmo período de 2015. Apesar do crescimento, o montante continua a representar apenas um terço do valor observado no pico de 2007.

Cristina Arouca, directora de Research e Consultoria da CBRE, revela que “em virtude dos valores de venda final actualmente praticados e do crescimento contínuo do turismo, a promoção imobiliária continua focada na área residencial e turística, sendo evidente a falta de escritórios de qualidade quer em Lisboa quer no Porto”.

Foto: Hotel Santiago de Alfama