A Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP) revelou, na sua análise da conjuntura da construção, que apesar do crescimento da economia, os principais indicadores continuam a apontar para uma ausência da recuperação deste sector.

De acordo com a FEPICOP, a divulgação da estimativa rápida das contas nacionais relativas ao 3º trimestre de 2016 revelou um crescimento do PIB de 1,6% em termos homólogos e de +0,8% relativamente ao período anterior, registando-se, em termos acumulados até Setembro, um crescimento do PIB de 1,1%, a previsão do Governo para 2016.

Esta entidade avança que esta evolução positiva surge em linha com os resultados favoráveis observados ao nível do mercado de trabalho, o qual registou, até Setembro, um aumento do número de pessoas empregadas e uma diminuição assinalável da taxa de desemprego.

Não obstante o enquadramento favorável descrito, os indicadores disponíveis e que concernem à construção continuam a apontar para a ausência de recuperação da actividade do sector. No que respeita ao emprego, registou-se uma redução do número de trabalhadores do sector ao longo dos três primeiros trimestres do ano, de 288 mil para 284 mil, ao contrário da evolução observada no emprego global da economia, que foi crescente ao longo do ano.

De igual modo, os dados relativos ao consumo de cimento se mantêm em quebra face ao ano anterior, evidenciando que a recuperação da actividade da construção não se faz sentir em todos os segmentos. Ainda assim, a evolução muito positiva observada no licenciamento de construções novas, quer de habitação quer de edifícios não residenciais, deixa antever uma recuperação, no curto prazo, do nível de produção do segmento da construção nova de edifícios.

Já o valor das novas operações de crédito para aquisição de habitação, que atingiu os 4,2 mil milhões de euros até ao final de Setembro e registou um crescimento de 51% face ao mesmo período de 2015, é um indicador inequívoco da reanimação deste segmento. Por seu turno, os valores conhecidos e relativos ao mercado das obras públicas apontam, de igual modo, para a recuperação da actividade, num futuro próximo, das empresas que se dedicam a estes trabalhos, dados os crescimentos de 23% e de 14% apurados até final de Outubro, respectivamente, nos valores das empreitadas de obras públicas lançadas a concurso e dos contratos celebrados. No entanto, importa realçar que o nível de actividade actual da construção é tão baixo que mesmo uma assinalável variação percentual positiva não significará, no curto prazo, uma recuperação da produção do sector para níveis considerados satisfatórios. 

Foto: Anabela Loureiro