Num mercado onde impera a construção de escritórios de pequenas facções, um novo fenómeno surge na cidade do Porto. Desde 2014 que a procura por escritórios com mais de 700m2 disparou.

Segundo Graça Ribeiro da Cunha, responsável do departamento de escritórios da Predibisa, em declarações ao Imobiliário da Vida Económica, “está tudo muito diferente no que respeita ao mercado de escritórios no Porto. Desde o último trimestre do ano passado a procura tem vindo a sofrer um incremento brutal, que teve a sua continuidade neste primeiro semestre de 2015”.

Graça Ribeiro da Cunha destaca que “são raros os edifícios que têm fracções num só piso, que se consiga unir para oferecer áreas acima dos 500 m2 e, nesta altura, a procura baseia-se sobretudo em áreas bem superiores a estas. Estamos a falar de espaços de 700 m2, 1000 m2, 2000 m2, e temos pedidos para 4000 m2, para uma só empresa”.

Os edifícios de escritórios na cidade do Porto caracterizam-se, em grande parte, por serem constituídos por pequenas fracções, entre os 50 m2 e 120 m2, tendo em conta que nos últimos anos era essa a procura.

Assim, por piso, as áreas perfazem pouco mais do que 500/700 m2. “Inevitavelmente as empresas procuram escritórios, sobretudo em localizações com boas acessibilidades, quer para quem vem de automóvel, quer para quem se desloca de transportes públicos. De facto, hoje em dia, um dos requisitos essenciais é a proximidade de uma estação de Metro”, considera a responsável da Predibisa.

A zona da Boavista continua a ser o local de excelência para a instalação de empresas. Contudo, actualmente, desde que o edifício seja recente, pois é sinónimo de boas infra-estruturas, a questão da proximidade de estação do Metro é fundamental.

“Para muitas das empresas que não necessitam do ‘cartão-de-visita’ com a morada Av. da Boavista, a instalação nesta zona deixou de ser uma condição fundamental”, adverte.

As novas empresas que procuram cada vez mais a cidade do Porto e o Grande Porto para se instalarem estão ligadas principalmente com as áreas de serviços partilhados, os ‘call centers’, empresas ligadas à informática e sistemas de informação.

Recentemente, a Predibida instalou a multinacional Concentrix, na Av. da República, em Matosinhos, ocupando três pisos completos, uma área acima dos 2500 m2, com expectativas de grande crescimento. Pretende criar cerca de 500 postos de trabalho.

Graça Ribeiro da Cunha acrescenta que a procura faz-se sentir em outras áreas, tais como a consultoria, sociedades de advogados, clínicas médicas, seguradoras, empresas de engenharia.

Existe, também, o caso de algumas empresas, já instaladas, que estão a crescer, e outras que foram crescendo nos últimos anos, embora o seu crescimento tenha evoluído dentro do mesmo edifício. Estas empresas que ocuparam pequenas áreas, dispersas por variados pisos, procuram agora reorganizar-se, destaca.

Simultaneamente, há edifícios que estão desajustados às necessidades actuais, que carecem de manutenção, sendo que as empresas necessitam de otimizar o espaço beneficiando também da redução de custos e de maior conforto para os seus colaboradores.

Para Graça Ribeiro da Cunha, “muito dificilmente se vende escritórios, sendo que a maior procura é, efectivamente, o arrendamento”. Na sua opinião, tendencialmente, os valores de arrendamento não baixaram muito.

Existe, no entanto, alguma flexibilidade dos proprietários para chegar “a um bom acordo para ambas as partes no arrendamento, ajustando a renda e as demais condições”.

Elisabete Soares