Esta afirmação foi proferida por Pedro Salema Garção, Head of Agency da Worx. Este especialista mostra-se preocupado com a oferta de escritórios que existe actualmente em Portugal.

Pedro Salema Garção recorda que “com a crise, o mercado imobiliário foi um dos sectores mais atingidos, durante os últimos anos temos assistido a um índice de construção/remodelação de edifícios de escritórios muito reduzido não sendo suficiente para responder às necessidades futuras”.

Segundo o departamento de research da Worx a taxa de desocupação média na Europa encontra-se no valor mais baixo de sempre (8,7%) e na maioria das capitais europeias já atingiu mesmo o valor mais baixo de sempre.

Portugal não foge à regra e nos últimos dois anos tem registado uma descida constante, encontra-se agora nos 11.7% o valor mais baixo desde 2011 mas ainda longe do mínimo registado em 2008 (6.9%).

Ainda assim o Head of Agency da Worx esclarece que “a taxa de desocupação registada em Portugal nunca deverá baixar muito dos 10%, uma vez que estamos a falar numa taxa estrutural e que é constituída por edifícios antigos e que é pouco provável que sejam ocupados a menos que sejam alvos de remodelação e modernização”.

A quebra que se tem vindo a registar no stock de oferta nova é um dos factores mais relevantes para a queda da taxa de desocupação. Espera-se que em 2016 apenas entrem no mercado de escritórios 37.061 m², deste total mais de 20.000 m² já se encontram com contratos de pré-arrendamento não ficando disponíveis para o mercado.

Durante os primeiros seis meses de 2015 o volume de absorção registado foi de 50.776 m², um aumento de 24% face a igual período de 2014 ainda assim espera-se que o volume total no fim do ano não ultrapasse o registado no ano passado.

“Este primeiro semestre foi muito forte e seguiu a tendência registada no 2º semestre de 2014 mas acredito que o volume não deverá ultrapassar o registado no ano passado, que foi o mais alto desde 2007. A falta de oferta está sem dúvida a começar a condicionar as operações ainda que só durante o mês de Agosto a Worx tenha concluído a colocação de mais de 10.000m² de escritórios”.

Da análise efectuada pelo departamento de research sobre os seis primeiros meses de 2015, a zona 5 (Parque das Nações) é neste momento a zona com a taxa de desocupação mais baixa seguida da zona 4 (Zona Histórica) com um valor muito próximo dos 5%. Se, enquanto na primeira esta diferença face à taxa global se deve aos elevados valores de absorção e baixa nova oferta, na segunda prende-se maioritariamente com a falta de oferta nova uma vez que a maioria dos edifícios requalificados nesta zona têm como finalidade o uso hoteleiro ou residencial.

Destaca-se a zona 6 (Corredor Oeste) como a zona com a maior taxa de desocupação (20%) ainda que tenha sido a zona que durante os primeiros meses do ano apresentou uma taxa de absorção de 32%.

O aumento dos níveis de absorção ainda não teve reflexo directo nas rendas praticadas. A renda prime até registou um ligeiro decrescimento e ronda agora os 18€/m²/mês. No entanto espera-se que, à semelhança do que já se verificou na zona do Parque das Nações onde a renda prime registou um aumento de 18%, também as restantes zonas deverão assistir a aumentos, em especial à medida que a escassez de áreas disponíveis aumentar.

Pedro Salema Garção conclui que “neste momento temos mais de 120.000 m² de procuras activas. Esperamos até ao final do ano conseguir colocar 20 a 25% desta área. Nos últimos anos, mesmo durante a crise, conseguimos manter sempre uma quota de mercado (negócios entre agentes) entre os 25 e os 28%. Durante os primeiros seis meses deste ano conseguimos uma cota de 25% mas as operações realizadas em Agosto (cerca de 10.000 m²) e as que esperamos fechar até ao final do ano deverão aumentar a nossa quota para cerca de 30%”.