No acumulado do ano entre Janeiro e Setembro registaram-se 5.529 empresas insolventes em Portugal, menos 6,7% do que as 5.928 insolvências observadas no pico máximo dos últimos sete anos, ocorrido em 2013. Foram criadas 29.154 empresas entre Janeiro e Setembro de 2015, mais 9,8% do que em 2014.

Nos primeiros nove meses de 2015, foram registadas 5.529 insolvências de empresas em Portugal, reflectindo uma média mensal de 614 empresas insolventes, revela a IGNIOS no seu mais recente ‘Observatório de Insolvências, Novas Constituições e Créditos Vencidos’. Este número mantém-se 6,7% abaixo das 5.928 insolvências registadas em igual período de 2013, que foi, desde 2008, o ano em que este indicador atingiu o seu máximo, com uma média mensal de 659 empresas insolventes.

Na comparação com os primeiros nove meses de 2014, 2015 observa uma variação de 11% nas insolvências, mas este crescimento é, de certa forma, artificial, tendo em conta que o resultado do acumulado do ano passado foi fortemente influenciado pelo mês de Setembro.

O mês em foco, com apenas 157 empresas insolventes contabilizadas, foi aquele que absorveu o efeito da quebra processual da plataforma do ministério da Justiça, o CITIUS. A IGNIOS estima, que sem este efeito, a variação do acumulado de 2015 face ao acumulado de 2014 Janeiro a Setembro) seria apenas de 0,9%, ou seja, evidenciando uma estabilização.
António Monteiro, CEO da IGNIOS, considera que, nesta altura do ano, é “cedo para perceber como se comportará 2015 face a 2014, tendo em conta que o ano passado foi atípico porque influenciado por questões técnicas no registo das insolvências. De qualquer forma, o que devemos reter desde já é que 2015 se mantém em níveis inferiores quer a 2012 quer a 2013, que foram anos em que se atingiram máximos neste indicador, após uma rota de forte crescimento iniciada em 2008”.

O volume de insolvências em 2015 tem sido especialmente impulsionado pelo aumento nas declarações finais de insolvência (42% do total, 2.322 empresas), que registaram um crescimento de 29,4% face a 2014. Também as insolvências requeridas pelos credores cresceram 3,8% para 1.678 empresas, enquanto as apresentadas pela própria empresa recuaram (-1,2% para 1.435 empresas).
Em termos geográficos, apenas cinco distritos registaram uma diminuição homóloga nas insolvências, nomeadamente Porto, Bragança, Castelo Branco, Beja e Faro, com todos os outros a observarem aumento das empresas insolventes entre Janeiro e Setembro deste ano. Braga, Vila Real, Guarda, Coimbra e Évora registaram mesmo variações homólogas acima dos 20%. Em termos absolutos, os distritos de Lisboa (1.287) e Porto (1.089) continuam a liderar nas insolvências. Completam o top cinco os distritos de Braga (702), Aveiro (422) e Setúbal (361).

Numa análise sectorial, os serviços dependentes da procura interna e de consequentes importações continuaram a concentrar a maioria das insolvências e do seu aumento, com destaque para o Comércio por grosso e a retalho, Construção (+5,7% para 978 empresas), Transportes +20,7% para 233 empresas), Restauração (+16,5% para 417 empresas), Comércio de veículos (+20,8% para 209 empresas) e Outros Serviços (+15% para 1.049 empresas).

Nas constituições, a dinâmica é positiva, com 29.154 empresas criadas entre Janeiro e Setembro deste ano. Este número evidencia um crescimento de 9,8% face a igual período de 2014, quando foram constituídas 26.554 empresas. A IGNIOS destaca a dinâmica das empresas de Alojamento e, complementarmente, de Restauração, influenciadas pelo sucesso das exportações de serviços turísticos. O aumento dos negócios também influenciou o aumento das constituições no Comércio de Veículos (+21,2%). O Comércio a Retalho ainda lidera com 3.496 constituições (cresceu 4,4%). A Agricultura, Caça e Pesca teve um aumento para 1.516 empresas (+15,5%). Pelo contrário, o Comércio por Grosso continuou a diminuir, com 2.242 constituições (-2,8%). Os cinco distritos que lideram as insolvências lideram também as constituições, nomeadamente Lisboa (8.229 empresas criadas) e Porto (5.476), Braga (2.396), Setúbal (1.763) e Aveiro (1.728).