Segundo a consultora imobiliária global Cushman & Wakefield, a actividade de investimento imobiliário no sector comercial em Portugal atingiu em Outubro de 2015 um máximo histórico em termos de volume de capital.

Nos primeiros 10 meses do ano foram transaccionados em Portugal 1,36 mil milhões de euros em activos de imobiliário comercial, valor nunca antes atingido em 25 anos de registo de transacções.

O máximo até à data correspondia ao valor transaccionado em 2007, o pico do mercado imobiliário em Portugal, quando se atingiu (em todo o ano) os 1,19 mil milhões de euros. Em 2015, de Janeiro a Outubro, o volume de negócios de investimento ultrapassa já em 14% o valor de 2007 e representa um crescimento também face aos 12 meses de 2014 de quase 100%.

Luís Rocha Antunes, partner e director do departamento de investimento da Cushman & Wakefield, “a recuperação do mercado imobiliário e da economia tiveram naturalmente um importante contributo para este crescimento do investimento, mas também a boa imagem que Portugal hoje ainda tem no exterior, bem como a alocação crescente de capitais ao sector imobiliário, foram factores decisivos para a enorme atractividade que os imóveis portugueses têm no mundo”.

Os investidores estrangeiros tiveram um papel preponderante nesta recuperação de actividade, representando cerca de 90% do capital investido e 75% do número de negócios. Os capitais americanos foram os mais significativos, canalizando para o imobiliário comercial nacional cerca de 600 milhões de euros, renovando mais um máximo histórico para o investimento norte-americano no nosso País. O investimento espanhol, ainda que tenha começado de forma tímida no início do ano, representa hoje o segundo mercado que mais capital aloca aos activos nacionais, representando cerca de 20% do total de capital estrangeiro investido, mais de 200 milhões de euros. O volume médio por negócio de investimento comercial confirmou o maior dinamismo no mercado, situando-se nos 35 milhões de euros, mais do que duplicando a média dos últimos dez anos, próxima dos 15 milhões de euros. Este indicador reflecte também a tendência cada vez mais acentuada pela negociação de portfólios, que representaram em valor mais de 40% do volume transaccionado em 2015.

O sector de retalho, após uns anos com menor atractividade junto dos investidores, retomou a primazia em termos de volume de capital investido; representando 56% do total. Os escritórios, não obstante um início de ano mais modesto, representam hoje cerca de 25% do volume total investido.

O maior negócio do ano foi a compra dos investidores americanos Blackstone de um portfólio de centros comerciais aos investidores do fundo alemão CG Malls, representando a operação um total de superior a 330 milhões de euros e sendo desta forma o maior negócio de sempre em Portugal.

A grande atractividade do imobiliário comercial português, muito motivada pela actual relação qualidade versus preço, em conjunto com a ainda grande disponibilidade de capitais alocados ao investimento imobiliário; irá ser um importante contributo para manter e inclusivamente aumentar esta actividade do mercado. As expectativas para o fecho de ano apontam para que se atinjam os 2.000 milhões de euros de volume de transacção.

Luís Rocha Antunes alerta, no entanto, que “a manutenção deste interesse e confiança renovada no mercado nacional por parte de investidores estrangeiros estará naturalmente muito dependente da evolução da actual situação política que vivemos, qualquer que seja o Governo. Questões de fundo como são as garantias de manutenção do controlo apertado das finanças públicas e uma postura reformista do Governo em matérias de legislação - como é o caso da legislação laboral, arrendamento e fiscalidade - são elementos cruciais para a confiança na economia, fator essencial para entrada de capital criador de riqueza e emprego.

Foto: Anabela Loureiro