A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) avisou os consumidores que vão agora contrair crédito à habitação para não se deixarem levar pelo actual valor da prestação que vão pagar ao banco. A verdadeira questão é se conseguem suportar a mensalidade quando as taxas Euribor começarem a subir.

Muito embora a aposta fosse no mercado do arrendamento, a realidade é que, derivado das taxas Euribor estarem a níveis baixos históricos, o mercado do crédito à habitação, depois de um período de estagnação, voltou a ser dinamizado. Com efeito, a concessão de empréstimos para a aquisição de casa está a aumentar uma vez que os bancos estão novamente mais disponíveis para dar financiamento e a concederem spreads (margem de lucro do banco) mais baixos.

O economista e representante da DECO Nuno Rico, em declarações à agência Lusa, explica que, face a toda esta conjuntura, os consumidores consideram que esta é uma “boa altura” para comprar casa. No entanto, recorda aos consumidores que existe um vínculo contratual com o banco que varia entre 20 a 30 anos, período durante o qual existem oscilações das taxas Euribor. Por isso, adverte os consumidores para avaliarem cuidadosamente a sua situação e se, no caso das taxas Euribor começarem a subir, vão conseguir pagar a respectiva prestação ao banco.

Segundo Nuno Rico, os consumidores devem decidir responsavelmente. Até porque, conforme esclarece, os bancos quando fazem simulações para um crédito à habitação são obrigados, na Ficha de Informação Normalizada, a fazer contas não só relativamente ao valor da prestação com as actuais taxas de juro em vigor, como também ao valor da prestação a uma taxa de juro com mais um ponto percentual e mais dois pontos percentuais, para que o cliente tenha uma estimativa do valor que poderá vir a pagar de prestação mensal caso se verifique um desses cenários.

De acordo com os cálculos realizados pela DECO/Dinheiro&Direitos, se um cliente contraísse hoje um empréstimo à habitação no valor de 150 mil euros a 30 anos com um spread de 2,5% (valor do mês de Novembro), a sua prestação seria de 591,90 euros, tendo em conta a média já ligeiramente negativa da Euribor a seis meses que no mês de Novembro que rondou os -0,010%. Mau grado, caso a respectiva taxa aumentasse um ponto percentual então o valor passaria para 672,73 euros e caso aumentasse dois pontos percentuais passaria para 759,14 euros.

“Recomendamos que na simulação olhem para o valor do cenário mais grave para verem se conseguem suportar no orçamento o aumento da prestação, porque agora o valor pode ser baixo e atractivo e rapidamente pode mudar, caso as taxas de juro subam”, concluiu Nuno Rico.