O Banco de Portugal (BdP) revelou que o crédito à habitação, no mês de Setembro, cifrou-se nos 99,5 mil milhões de euros. Tendo em conta os novos empréstimos, trata-se de um valor superior ao registado em 2012.

Note-se, no entanto, que o total dos empréstimos concedidos para a aquisição de casa estão ainda abaixo dos níveis registados antes do programa de resgate financeiro.

De acordo com os dados do BdP, nos primeiros nove meses do ano, foram contratualizados 2,8 mil milhões de euros para empréstimos para a compra de casa, um valor superior ao verificado no ano passado, de 2,3 mil milhões de euros, e também acima dos 2,1 mil milhões registados em 2013 e dos 1,9 mil milhões de euros concedidos em 2012. Por outras palavras, as novas operações de crédito à habitação têm vindo sucessivamente a recuperar desde 2012.

Recorde-se que em 2011, altura em que Portugal pediu assistência financeira externa, foram contratualizados 4,9 mil milhões de euros para a compra de casa, valor já inferior quando comparado com os anos de 2010 e 2009, quando foram concedidos 9,3 mil milhões em cada um dos anos, e também inferior a 2008, quando foram emprestados 13,3 mil milhões de euros para novos créditos para este fim.

Relativamente ao montante total dos créditos à habitação, verifica-se que, em Setembro de 2015, os bancos tinham concedido 99,5 mil milhões de euros para créditos à habitação, um montante inferior em 2,1 mil milhões ao concedido no final de 2014 e inferior em 3,3 mil milhões de euros ao concedido no mesmo mês do ano passado.

Em Março de 2011, o crédito contraído pelos portugueses para fins de habitação atingiu o seu pico, sendo de 114,5 mil milhões de euros. Em Setembro, o crédito à habitação estava 14,9 mil milhões de euros abaixo deste montante.

Em setembro de 2015, os créditos à habitação representavam mais de 82% da totalidade dos créditos concedidos, sendo que os respectivos créditos vencidos correspondiam a mais de 47% de todos os créditos vencidos. Mau grado, se se comparar o montante total concedido pelos bancos para crédito à compra de casa com o valor destes créditos que estão vencidos, verifica-se que apenas 2,5% dos empréstimos à habitação eram considerados como créditos de cobrança duvidosa.

De acordo com o último Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho, divulgado em Julho pelo BdP, a 31 de Dezembro de 2014 havia 2,1 milhões de contratos vivos de crédito à habitação.

Entre as principais tendências está o facto de 90% dos contratos de crédito à habitação usarem taxa de juro variável e o crédito à habitação em Portugal continuar a ser “predominantemente um mercado de taxa de juro variável”, o que se acentuou mesmo em 2014. No ano passado, cerca de 90% dos contratos celebrados foram com taxa de juro variável, ligeiramente acima dos 87% do ano anterior.

No que concerne às taxas Euribor nos prazos a seis e a três meses (os indexantes mais frequentes em Portugal nos contratos de crédito para a compra de casa), em 2014, 64,4% dos contratos foram celebrados com taxa de juro a seis meses e 31% com Euribor a três meses.