A afirmação é da Worx e tem por base o facto de o volume do take up em 2015 ter atingindo os 144.513 m², representando uma subida de aproximadamente 14% face a 2014, ou seja, o valor mais alto dos últimos sete anos. Para fazer face à crescente procura por espaços de escritórios, a consultora defende que é necessária a construção de edifícios e apostar em projectos de raiz que respondam às necessidades das empresas.

No ano de 2015 a zona que se apresentou mais dinâmica foi a zona 2 (CBD) com 28.220 m² colocados, contribuindo para esse efeito a expansão de área da Teleperformance no edifício Álvaro Pais 2, negócio realizado pela Worx, com uma área total de cerca de 8.400 m². Na zona 6 (Corredor Oeste), a área total ocupada ultrapassou os 28.000 m², num total de 74 negócios. A colocação da Worten na totalidade do edifício Suécia II e a expansão de área da Outsystems no Central Park, foram dois dos três maiores negócios nesta zona. Estas duas zonas, em conjunto, representam perto de 40% do volume total do take up e seis dos 10 maiores negócios realizados. Com a mudança da Sede da EDP, destacamos a zona 4 (Zona Histórica/Ribeirinha), com uma área de 13.900 m², representando o maior negócio do ano.

É importante referir que 55% do take up total resulta da mudança de instalações, o que representa um decréscimo de 16% face a 2014. Por outro lado, a expansão de área aumentou 14% relativamente a 2014, posicionando-se com 38% do total em 2015.

Segundo o departamento de Research da Worx, a taxa de desocupação média em Lisboa encontra-se em linha com a tendência Europeia. Nos últimos três anos tem registado uma descida constante, encontrando-se agora nos 11,1%, valor mais baixo desde 2009 mas ainda longe do mínimo registado em 2008 (6,9%). Este factor deve-se maioritariamente à ausência de oferta nova de escritórios.

Todavia, Pedro Salema Garção, Head of Agency da Worx, esclarece que “a taxa de desocupação registada em Lisboa não deverá baixar muito dos 10%, uma vez que estamos a falar de uma desocupação estrutural constituída por edifícios antigos com pouca probabilidade de serem ocupados a menos que sejam alvos de profundas obras de remodelação e modernização”.

Da análise efectuada pelo departamento de Research, a zona 5 (Parque das Nações) é neste momento a zona com a taxa de desocupação mais baixa, a situar-se nos 4,85%, seguida da zona 4 (Zona Histórica/Ribeirinha) com um valor muito próximo dos 6%. Esta diferença explica-se, não só, pela reduzida oferta nova mas também pelos elevados valores de absorção registados. A zona 6 (Corredor Oeste) sobressai com a maior taxa de desocupação nos 23%, apesar de ter sido uma das zonas que apresentou uma maior taxa de absorção (19%) em 2015.

A quebra que se tem vindo a registar no stock de nova oferta é um dos factores mais relevantes para a queda da taxa de desocupação. Espera-se que em 2016 apenas entrem no mercado de escritórios 22.000 m², deste total mais de 50% já se encontra com contratos de pré-arrendamento não ficando disponíveis para o mercado.

O aumento dos níveis de absorção ainda não teve reflexo direto nas rendas praticadas. A renda prime decresceu ligeiramente para cerca de 18,50€/m²/mês. No entanto espera-se que, à semelhança do que já se verificou na zona do Parque das Nações onde a renda prime registou um aumento de 18%, também as restantes zonas deverão assistir a aumentos, em especial à medida que a escassez de áreas disponíveis se acentua.

Pedro Salema Garção, Head of Agency da Worx, conclui que “o departamento de Escritórios inicia o ano de 2016 com um excelente indicador de performance com cerca de 107.000 m2 de procura activa de mercado que transitam de 2015. As zonas com mais procura são maioritariamente as localizadas no centro de Lisboa. Verifica-se porém um aumento de pedidos para a Zona Ribeirinha, onde se prevê a deslocação de algumas empresas e a instalação de grandes ocupantes, essencialmente para projectos built-to-suit”.

Nos próximos anos prevê-se a consolidação da tendência de reabilitação de edifícios localizados no centro de Lisboa para escritórios com um número muito significativo de projectos previstos muitos dos quais emblemáticos como a actual sede da EDP no Marquês de Pombal, ou o Liberdade 203 (quarteirão das antigas instalações do BES). Todavia, por se tratar de projectos de reabilitação de alguma dimensão, os timings de concretização serão ainda extensos.

Pedro Salema Garção salienta que “a escassez de oferta nova para 2016 e 2017, pode condicionar o número de transacções. Efectivamente existe pouca oferta para ocupação imediata (seis-10 meses) para empresas que procurem grandes áreas. Como exemplo temos o Parque das Nações (zona 5) onde atualmente é difícil encontrar disponibilidade de áreas de 500 ou 1.000 m2 para ocupação”. A aposta da construção de novos edifícios de escritórios e na reabilitação será claramente a tendência para os próximos anos com forte impacto nas dinâmicas espaciais e económicas da cidade.