De acordo com a 2ª edição do Barómetro IPD/JLL vários factores estão a alterar os ‘alvos’ dos investidores imobiliários. Activos que eram ‘descartados’, como produtos secundários de escritórios, retalho ou industrial e localizados fora das zonas prime, começam agora a ser procurados.
Depois de um ano recorde para o investimento imobiliário em Portugal (em torno dos 2.000 milhões de euros transaccionados) e com o País a manter-se firme no radar dos players estrangeiros, os investidores em imobiliário no nosso País estão a adaptar as suas estratégias de investimento à actual conjuntura de elevada competitividade. Esta é uma das principais conclusões da 2ª edição do Barómetro IPD/JLL, que ausculta o sentimento e perspectivas de evolução do mercado dos principais investidores imobiliários com presença em Portugal.
De acordo com o documento, o mercado de investimento imobiliário é actualmente marcado por uma crescente procura de activos prime, que os investidores consideram ter agravado ainda mais a escassez de produto, conduzindo a um crescente desequilíbrio entre a oferta e a procura, à subida de preços dos activos e à compressão das yields de referência.
Esta conjuntura associada às boas perspectivas de evolução dos mercados ocupacionais têm motivado um ajustamento das estratégias por parte dos investidores presentes em Portugal, os quais estão hoje mais dispostos a apostar em produtos com maior perfil de risco associado e mostram-se interessados em activos que, por norma, eram descartados.
“Falamos de produtos secundários de escritórios, retalho ou industrial, localizados fora das zonas prime, que anteriormente não eram analisados pelos investidores. Mas também de outras classes alternativas de activos em termos de uso e de activos que, estando em zonas mais centrais, têm condições de rentabilidade menos atractivas”, explica Pedro Lancastre, director geral da JLL. “Contudo, esse risco adicional que os investidores estão hoje dispostos a assumir, deverá ser sempre compensado por uma rentabilidade superior”.
Luís Francisco, Senior Associate da MSCI, comenta que “este alargamento do espectro de produtos de investimento mostra que os investidores assumem que o mercado nacional continua a oferecer boas oportunidades e que os indicadores de actividade e ocupação devem registar boa performance este ano. E neste cenário não é expectável que o interesse dos investidores estrangeiros abrande, pelo que a competitividade no biding deverá ficar ainda mais acentuada”.
O Barómetro explica que os produtos imobiliários que reúnem maior interesse juntos dos investidores continuam a ser os escritórios localizados na cidade de Lisboa, em especial no Prime CBD (29%) e no Parque das Nações (14%). No retalho, o produto estrela são as lojas de rua, que são preferidas por 15% dos investidores.
Em termos do tipo de investimento, adquirir activos com renda garantida continua a liderar as preferências (36%) dos investidores, mas estes mostram agora também apetência pela aquisição de activos para reestruturar (26%) ou com desocupação (14%), o que confirma também a adopção de um perfil de risco menos conservador.
O Barómetro IPD/JLL refere ainda que, além da escassez de produto (com um peso de 19%), a diferença de expectativas entre vendedores e compradores (com um peso de 23%) é identificada como um dos principais entraves ao investimento. A limitação no financiamento também preocupa os investidores (18%), conclui o documento.