Os dados avançados pela IGNIOS no seu mais recente ‘Observatório de Negócios, Insolvências, Créditos Vencidos e Constituições’ revelam que os números no final de Agosto continuam a confirmar as tendências observadas desde o início do ano: a constituição de empresas diminuiu e as insolvências aumentaram.

Nos primeiros oito meses de 2016, a constituição de empresas em Portugal ascendeu a 25.457 registos, pelo que, de acordo com a IGNIOS, continua a verificar-se uma quebra no acumulado das constituições, com menos 931 novas empresas em relação ao período homólogo de 2015 (-3.5%).

A mesma fonte apurou que o único aumento sectorial mais expressivo na criação de empresas continua a ser observado na Hotelaria e Restauração, reflectindo o impacto do aumento de exportações de serviços turísticos. Neste período, este sector registou um crescimento de 100 novas entidades (+3.3%), com aumento do seu peso de 11.6% para 12.4% nas constituições.

Curiosamente, o sector da Construção teve um aumento para 2.038 constituições (+0,9%).

A IGNIOS apurou ainda que em Agosto de 2016 houve um aumento acumulado das insolvências, com 5.002 empresas insolventes, mais 415 em relação ao período homólogo de 2016 (+9%). Estes números confirmam a tendência observada no final do 1º semestre. Após movimento positivo de quebra das insolvências de 2014 para 2015, tem-se verificado uma forte inflexão para a subida deste indicador em 2016.

O aumento mais significativo de insolvências foi no Porto. O indicador subiu de 921 para 1.091 empresas, mais 170 do que em 2015 (+21,8%). Mais insolvências também, embora com menor expressão, em Lisboa - 1.250 empresas (+141), Setúbal com 333 (+59), Santarém com 197 (+25), Viseu com 145 (+29), Madeira com 102 (+14), Beja com 26 (+15) e Coimbra que registou 156 empresas dissolvidas neste período (+10).

Braga, Faro, Leiria, Viana do Castelo e Aveiro, distritos fortemente ligados às exportações, registaram descidas nas insolvências face ao mesmo período do ano passado. Em termos sectoriais, os serviços mais dependentes da procura interna, continuam a representar o maior número de insolvências e respectivo aumento, com destaque para o Comércio a Retalho (794, +87, +12,3%) e por Grosso (607, +63, +11,6%).

A propósito das conclusões deste estudo, o CEO da IGNIOS, António Monteiro, refere que “as exportações, principal motor de crescimento económico nos últimos anos, revelam alguma desaceleração nos últimos números divulgados pelo INE. Este facto irá previsivelmente ter consequências para as empresas dos distritos tradicionalmente mais exportadores que, até à data, têm evidenciado números mais favoráveis do que as zonas mais dependentes da procura interna”.

Foto: Anabela Loureiro