A Conferência “O Paradigma entre o Imobiliário e o Turismo” trouxe ao de cima aquilo a que a secretária de Estado do Turismo designou por “amor-ódio entre o Turismo e o Património”.

Este evento decorreu no pavilhão multiusos do SIL, na FIL, em Lisboa, onde Ana Mendes Godinho salientou que o País “soube reinventar o património”, “teve a capacidade de reabilitar o centro histórico de Lisboa e captar investimento”. Salientou também o turismo residencial como motor de “dinamização do sector imobiliário” e promotor do “aumento do consumo e de estadas mais prolongadas”.

Entre os programas destacados pela secretário de Estado do Turismo como “instrumentos de mudança”, esteve o ‘Living in Portugal’ e o ‘Revive’, sendo que, relativamente a este último, anunciou que já foi feita a primeira adjudicação a um grupo português no projecto do Convento de S. Paulo em Elvas.

Carlos Abade, vogal do Conselho Directivo do Turismo de Portugal, reforçou a mensagem de Ana Mendes Godinho, realçando, além destes dois programas, também a valorização ao nível da oferta com a linha de apoio à qualificação da oferta orçada em 60 milhões de euros e que passa pela reabilitação da oferta e do tecido urbano, e o Turismo Acessível que conta com uma linha de apoio orçada em cinco milhões de euros.

Manuel Salgado, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, lembrou que o processo de evolução da capital é “continuado”. Fazendo a ressalva para casos pontuais que em muito têm contribuído para “colocar no mapa Lisboa”, nomeadamente os “eventos internacionais” e a “internacionalização das universidades” através do Erasmus fazendo com que hoje “cerca de 15.000 estudantes vivam em Lisboa”.

Neste ponto, Manuel salgado, fez questão em fazer a distinção entre turistas, estudantes estrangeiros em Lisboa e residentes estrangeiros temporários e fez também ‘contas de matemática’: “Se tivermos em consideração que, em 2015, Lisboa teve cinco milhões de dormidas, que 65% corresponderam a estrangeiros e 35% nacionais, e se dividirmos pelos 365 dias do ano, a média que obtemos é de 9.000 estrangeiros por dia”, ou seja, temos 15.000 estrangeiros que vivem a título permanente na capital e apenas 9.000 e população flutuantes. Por isso, apesar de reconhecer que existe “o conflito latente entre população residente permanente e turistas”, da “inflacção das rendas das casas”, do “congestionamento” e da problemática dos “transportes públicos”, Manuel Salgado acredita que “Lisboa pode ainda crescer até aos 700 mil habitantes”.Lisboa en

frenta, pois, uma mudança de paradigma. O vereador da CML recordou que, “em 2006, o centro de Lisboa estava vazio, o número de edifícios devolutos era elevado e muitas das actividades centrais (como ministérios, bancos…) saíram” desta zona da cidade. Hoje assiste-se à “revitalização do centro de Lisboa”, “à liberalização das actividades pela cidade”, à “aposta na reabilitação urbana” e na “reorganização do espaço público da cidade”, embora admita que “o turismo tende a ter impactes relevantes na vida das pessoas”.

Luís Lima, presidente da APEMIP, da CIMLOP e do Conselho Estratégico do SIL, afirmou que a “potencialidade da internacionalização do Turismo e do Imobiliário é um dos maiores desafios da nossa economia”; relevando que se estima que o “Turismo Residencial e o arrendamento temporário vão crescer”. Na sua opinião deve-se “fazer cidades para os cidadãos”.

Foto: Anabela Loureiro