Esta ideia foi transmitida pelo vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Salgado, numa conferência sobre o imobiliário em Portugal. O autarca defendeu que a “grande vantagem” do alojamento local é recuperar imóveis para habitação.

No evento ‘Observatório: O Imobiliário em Portugal’, que decorreu em Lisboa, organizado pelo Jornal de Negócios e pela rede imobiliária Century 21, Manuel Salgado referiu que “a grande vantagem do alojamento local é que recupera os imóveis para habitação”, defendendo que “hoje são turistas, mas amanhã podem ser residentes permanentes”.

O autarca considerou que “colocar tudo no mesmo saco do Turismo é um erro”, até porque como lembrou a capital recebe 35 mil turistas por dia e 15 mil estudantes estrangeiros mas relativamente à “nova realidade dos residentes não permanentes” não se sabe quais são os valores reais.

Ainda assim, o vereador reconheceu que existem alguns conflitos entre o alojamento local e os habitantes permanentes, a par de ser uma actividade considerada como uma prestação de serviço turístico mas licenciada como habitação, impedindo desta forma que os municípios tenham “ todo e qualquer controlo sobre a localização do alojamento local”. “Um edifício todo de alojamento local” é, na sua opinião, “muito melhor do que um AL ou dois num edifício com seis famílias permanentes”.

Manuel Salgado salientou ainda que quaisquer limitações ao alojamento local poderão conduzir a uma falta de investimento, sendo que, segundo os números da autarquia de Lisboa, em cinco anos, a hotelaria investiu 126 milhões de euros e no alojamento local houve 27 milhões na recuperação de edifícios. Acrescentando que, “não obstante o número de camas ser praticamente equivalente, a verdade é que o investimento na hotelaria é significativamente superior e a criação de emprego, que estimamos em 52.500 postos de trabalho, dos quais sete mil da construção, 13 mil na hotelaria e 32.500 indirectos é gerada numa componente muito mais importante pela hotelaria do que pelo alojamento local”.

Presente no evento esteve também o presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), Eduardo Miranda, que apesar de dizer que relativamente ao alojamento local “se calhar é muito menor do que a realidade” ou que “está muito inflaccionado”, mas frisou que “se deixarmos essa bolha crescer, o que pode acontecer (aconteceu em Berlim e em Barcelona) em alturas de eleições locais quando esses temas ganham proporções desmedidas, o que pode gerar medidas desproporcionais que afectam a estabilidade”.

Para Eduardo Miranda, “o que é importante é que se entenda que o alojamento local está no sector do Turismo” e que as “questões locais que são importantes podem ser decididas de outra maneira, não com medidas fiscais nacionais”. Alertando ainda que a alteração prevista na proposta de Orçamento do Estado para 2017 do coeficiente de tributação fiscal no sector pode vir a ter um “impacto no medo de investir”.

Foto: Anabela Loureiro