A ABB – Alexandre Barbosa Borges, empresa de construção sediada em Barcelos, comprou à Sonae Capital, os terrenos da antiga Fabrica do Cobre, localizados na Estrada da Circunvalação, no Porto. A aquisição foi concretizada já no final de 2016, os terrenos destinam-se a projecto comercial e custaram cinco milhões de euros.

De acordo com as informações recolhidas, a ABB pagou cinco milhões de euros pelos terrenos e o seu destino final é a construção de um projecto comercial e de serviços. A confirmar-se este valor, está muito longe dos 12 milhões de euros que eram pedidos pela Sonae Capital, em outubro de 2010, altura em que foram colocados à venda, juntamente com um conjunto de outros activos.

O projecto de construção para os terrenos da antiga fábrica de cobre é também um processo com vários anos, com muitos avanços e recuos.

A Companhia Portuguesa do Cobre, conhecida simplesmente por Fábrica do Cobre, foi comprada pela Sonae com a intenção de lá instalar um hipermercado Continente. O pedido de licenciamento do projeto deu entrada na Câmara do Porto em 2001.

“Na altura, pretendia-se transformar 42 mil, dos 56,2 mil metros quadrados ocupados pela fábrica, numa zona comercial idêntica a muitas que a Sonae possui por todo o País: com um hipermercado com dois pisos, várias lojas de apoio e um parque de estacionamento, com capacidade para cerca de mil automóveis. Previa-se que a obra demorasse, no máximo, dois anos a estar concluída”, referia o Jornal de Notícia a 26 Outubro de 2010.

Só que a transformação da fábrica de cobre numa área comercial foi rejeitada, no mesmo ano, pelo GAPE, um gabinete criado pela gestão do então presidente da Câmara Municipal do Porto, Nuno Cardoso, para analisar projectos urbanísticos de maior envergadura.

“O terreno das antigas instalações da C.ª Portuguesa da Fábrica do Cobre, formado por três prédios urbanos, totalizando a área de terreno de 54.696 m2. O terreno localiza-se na Estrada da Circunvalação, n.ºs 3561/3593, possuindo uma frente para esta via de 240m e de 170m para a R. de Linhas de Torres, sendo limitado a Norte e Poente pelos terrenos da Estação de Caminhos de Ferro de Contumil. Os edifícios fabris originais foram demolidos existindo no entanto um armazém de construção recente com cerca de 1.000 m2 de área bruta locável. Tinha prevista a construção de mais de 400 habitações”, de acordo com as informações divulgadas em 2010.

Num anúncio publicado nessa data pela SC Assets, empresa detida pela Sonae Capital responsável pela gestão dos activos imobiliários do grupo, os terrenos ocupados pela antiga fábrica tinham viabilidade para construção de habitação e comércio. Os 56,2 mil metros quadrados da propriedade eram colocados à venda por 12 milhões de euros.

Desde então, o imóvel tem estado votado ao abandono, servindo de abrigo para toxicodependentes e sem-abrigo. Dentro do edifício, o cenário chegou a ser assustador, com lixo por todos os lados, desde pneus e outras peças de automóveis, a plásticos sujos e até a seringas e colchões. No meio da antiga fábrica, existia um poço fundo, sem qualquer tipo de protecção. Actualmente, apenas resta a fachada da fábrica que abriu falência em 1998, atirando 210 pessoas para o desemprego e para os tribunais em busca de uma indemnização e do pagamento de salários em atraso.

A Vida Económica procurou confirmar esta informação junto da Sonae Capital e da ABB, mas até ao fecho da edição não foi possível.

Foto: http://portoarc.blogspot.pt - Augusto Tomé

Texto: Elisabete Soares in Vida Económica