O edifício do Colégio dos Maristas, localizado na Avenida da Boavista, no Porto, foi vendido pelo Novo Banco, no final de 2016, a um empresário do ramo das inspecções de automóveis com o ‘asking price’ de oito milhões de euros.

O edifício que foi até há pouco tempo sede do private banking, do ex. Banco Espírito Santo, tendo passado para o universo do Novo Banco, foi vendido à empresa Ipov Portugal – Sociedade Portuguesa de Inspecções Técnicas Automóveis, Lda., sediada em Árvore, Vila do Conde, e que pertence a José Fernando Teixeira da Silva.

O imóvel, classificado de Monumento de Interesse Público, foi colocado à venda por oito milhões de euros, e tudo indica que o preço final rondou os sete milhões de euros. Contudo, o valor final de venda não foi confirmado, nem pelo empresário, nem pelo Novo Banco.

O empresário que tem, actualmente, nove centros de inspecção automóvel, localizados no Norte do País, confirmou ao Imobiliário, publicado na Vida Económica, a compra do imóvel, alertando, contudo, ser ainda cedo para falar dos pormenores da aquisição. “Compramos o imóvel para rentabilizar e, neste momento, não temos nenhum projecto”.

Embora no mercado seja referido que o imóvel se destina à sede da empresa, Fernando Teixeira, descarta essa situação, salientando que, neste momento, já receberam uma proposta de aquisição. Contudo, segundo o empresário, ainda é cedo para decidir o que fazer com o imóvel.

Em relação à actividade o empresário confirma que a intenção é aumentar o número de centros de inspecção detidos pela sociedade, embora não confirme que o objectivo seja atingir os 30 centros, como é conhecido no mercado. “Estamos a expandir e queremos conquistar mercado”, destaca.

Para além da sociedade Ipov, Fernando Teixeira detém as sociedades Inspauto e Inspenordeste, com vários centros localizados, especialmente, na região do Grande Porto.

O edifício dos Maristas, como ficou conhecido, recebeu obras profundas de restauro no valor de cinco milhões de euros, a cargo dos arquitectos António Portugal Mendonça e Manuel Amorim Reis, antes de ser ocupado pela dependência de private banking,  do ex. Banco Espírito Santo.

O edifício do Colégio dos Maristas encontra-se num plano recuado em relação à Avenida da Boavista, separado desta por um muro gradeado. É um imóvel neoclássico, cuja construção se enquadra na arquitetura civil do século XIX, que caracterizou as novas artérias da cidade, como era, à época, a Avenida da Boavista.

Desconhece-se, contudo, o autor do projecto, embora seja provável que tenha sido o arquitecto Joel da Silva Pereira.

O edifício esteve desocupado entre 1910 e 1926, acolhendo, então, o colégio de Nossa Senhora do Rosário, até 1958. Entre 1959 e 1991 aí se manteve o Colégio dos Maristas. Após as referidas obras profundas de restauro, possivelmente a cargo já do grupo BES, foi ocupado pelo private banking , e assim  continuaria, possivelmente, se este não fosse intervencionado pelo Estado. O carácter de excelência do restauro levou a Câmara Municipal do Porto a premiar a recuperação do edifício com o Prémio João de Almada, em 2006.

Elisabete Soares Saraiva