Rita Seixas, responsável pelo departamento de MKT & Research da Predibisa, revela que actualmente é quase impossível passar pela arquitectura sem trabalhar na área da reabilitação urbana. Salienta também que o mercado imobiliário do Norte, em particular do Porto, está a mexer.
Começou a sua carreira enquanto arquitecta, tendo ‘dado cartas’ em projectos de reabilitação urbana. Este era um caminho inevitável dado as mudanças que o mercado da construção e da arquitectura sofreram no País, até mesmo no centro da cidade do Porto?
Na última década é quase inevitável passar pela arquitectura sem trabalhar na área da reabilitação urbana. Inicialmente, comecei por trabalhar na reabilitação de aldeias históricas e lentamente com o aparecimento dos primeiros sinais da necessidade de explorar os grandes centros históricos, nomeadamente o Porto, comei a dar os primeiros passos nesta área. Este processo iniciou-se como uma espécie de intervenção ‘cirúrgica’, priorizando-se alguns edifícios de destaque e, só mais tarde, se expandiu por toda a Baixa. Desde então sinto que a evolução nesta área tem sido muito positiva, não só pelos incentivos camarários que impulsionaram toda a dinâmica, como também pela crescente procura por investidores estrangeiros que optam por Portugal pelas mais diversas razões, como o clima, a qualidade de vida, a segurança, entre outros. Actualmente assistímos a um rácio muito interessante no que diz respeito à relação entre construção nova/ reabilitação.
O que a moveu a fazer uma pós-graduação em Avaliação de Bens Imóveis?
Sempre quis fazer mais para além da arquitectura, principalmente numa altura em que os arquitectos eram mais que muitos e o emprego era escasso. Felizmente tive a oportunidade de começar a trabalhar pouco antes de terminar o curso e nessa altura decidi que queria aumentar a minha formação. A curiosidade pelo conhecimento dos métodos de avaliação e a necessidade de profissionais na área foram as grandes razões desta escolha.
Em 2013 deu o salto para a Predibisa, como tem sido esta experiência?
Foi uma grande mudança visto que entrei para a Predibisa como responsável do departamento MKT & Research. Até lá fazia projectos e fui tendo negócios próprios noutras áreas. Quanto ao Research, tinha algumas bases da pós-graduação e como sempre gostei bastante da parte teórica, tanto na vertente de arquitectura, como imobiliária, acabou por ser uma adaptação muito fácil. Quanto ao Marketing, tinha algumas noções devido aos negócios que tive, mas foi necessário aprofundar o conhecimento através de uma formação em marketing imobiliário e muita leitura sobre assunto. Acho muito interessante esta decisão da Predibisa em optar por um arquitecto para representar o departamento. O tipo de linguagem utilizado e o modo como se devem apresentar os produtos ou estudos têm tudo a ver com a minha formação de base.
Nos últimos quatro anos, os movimentos de negócios da Predibisa cresceram e atingiram em 2016 o valor mais alto de sempre. É sinal que o mercado imobiliário do Norte está a mexer?
Sim, felizmente está a mexer e bem. A cidade do Porto já não é a mesma de há 10 anos. Muito se tem atribuído esta dinâmica aos voos low cost e talvez por consequência o interesse por investidores estrangeiros. Acredito que sim, que o mercado imobiliário do Norte está a mexer e também acredito que não é só uma questão de moda, como já ouvi afirmar, afinal o nosso País tem muito potencial e ainda existe muito por explorar.
No ano passado, um estudo da Predibisa sobre o mercado residencial de Vila Nova de Gaia revelou que existia escassez de oferta de produto novo no mercado imobiliário, é uma realidade que ainda persiste quer nesta cidade, quer em outras do concelho do Porto?
Apesar de começarem a surgir novas construções, nomeadamente em Vila Nova de Gaia, assistimos ainda a alguma escassez de produtos para a classe média que é a grande maioria neste concelho. Estamos já a sensibilizar alguns promotores para esta situação.
Quer parecer que, ao nível da procura, para habitação própria ou para uma segunda habitação, a região Norte ainda continua a recorrer muito ao financiamento bancário, é correcta esta leitura?
Sim, tem o seu fundamento. A retoma que assistimos deve-se em parte à facilidade de crédito. Contudo, há bastantes compradores, tanto nacionais como estrangeiros, que investem sem ter que recorrer ao financiamento.
Na sua opinião, quais as perspectivas para o mercado imobiliário na Invicta em 2018?
Julgo que estamos numa curva crescente. Vejo muita vontade em investir no Porto e prova disso são os negócios que a Predibisa tem vindo a concretizar e que tem já em carteira para 2018.