Segundo o mais recente estudo da consultora imobiliária global CBRE, o investimento em instalações é imprescindível para revitalizar os centros de retalho mais pequenos e em zonas de comércio de rua prime. Isto porque cerca de metade dos consumidores afirmaram que preferem a comodidade do comércio local aos centros comerciais.
Este estudo foi realizado junto de 21.000 consumidores em 21 países (Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Países Baixos, Noruega, Polónia, Roménia, Rússia, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça e Turquia) e pretendeu analisar onde e como fazem as suas compras. O estudo revelou que 49% dos consumidores prefere o comércio de rua em zonas prime ou centros comerciais mais pequenos por oposição a centros comerciais cobertos, de grande dimensão e especialmente construídos para o efeito. A maioria dos consumidores (40%) discorda ainda da afirmação de que os centros comerciais regionais de grande dimensão serão os únicos locais onde valerá a pena fazer compras no futuro.
A facilidade de acesso também é um factor crítico para os consumidores no momento de escolher onde comprar, com 49% dos consumidores a efectuar uma deslocação de 15 minutos ou menos até aos destinos onde normalmente realizam as compras não-alimentares, de forma geral numa localização de menor dimensão ou em comércio de rua em zonas prime. A maioria dos consumidores crê ainda que os centros comerciais mais pequenos irão concorrer com o comércio online no futuro.
Preço, limpeza, comodidade e segurança continuam a encabeçar a lista dos factores que os consumidores esperam encontrar em todos os países e tipos de centros comerciais. A oferta de uma vasta gama de retalhistas e parques de estacionamento também são classificados como importantes. Os consumidores consideram ainda igualmente importantes a presença de retalhistas independentes, retalhistas específicos, o facto do centro comercial ser coberto e a oferta de uma variedade de serviços. Em contrapartida, os espaços de lazer e eventos são considerados relativamente menos importantes.
A probabilidade dos consumidores visitarem ambientes comerciais melhorados é maior - quanto maior for o investimento, maior é o número de visitantes. Os consumidores com rendimentos mais elevados também dão mais valor às melhorias, com as instalações modernas a atrair os grandes clientes. Os consumidores referem que apreciam melhorias nos centros comerciais a que têm acesso, com 40% a afirmar que o seu centro comercial melhorou nos últimos três anos. Contudo, o investimento em centros comerciais mais pequenos tem sido negligenciado, com 45% dos inquiridos a notar poucas mudanças nos últimos três anos. Os maiores melhoramentos observaram-se em centros comerciais dominantes e de maior dimensão, onde 26% sentiu que as instalações tinham ficado “muito melhores”. Nestes centros a probabilidade de se ter registado um aumento do número de retalhistas de marcas internacionais é muito superior.
Os consumidores que preferem centros comerciais de menor dimensão estão menos interessados nas funções de entretenimento e serviços adicionais. Tal como a sua dimensão indica, não são escolhidos por oferecerem uma grande variedade de retalhistas. A faixa etária acima dos 55 e os consumidores com rendimentos médios a baixos preferem estes centros comerciais. Os consumidores que preferem os grandes centros comerciais cobertos escolhem-nos pela presença de retalhistas específicos e pelas lojas maiores, bem como pela sua função social e de serviços, em particular no que respeita os serviços de restauração e lazer. Os parques de estacionamento também são valorizados.
O director do departamento de European Retail Investment da CBRE, John Welham, explica que “a actual batalha pela quota do mercado de centros comerciais concentra-se cada vez mais naquilo que um centro comercial consegue oferecer além das vendas de retalho puras - alimentação e bebidas, entretenimento e eventos, tudo concebido para criar experiências apelativas para os consumidores, e outros serviços como centros médicos, de fitness e bem-estar. Posto isto, os gestores de centros comerciais deverão manter presentes elementos essenciais como preço, comodidade, limpeza e segurança. Estes são critérios fundamentais e qualificadores que devem estar reunidos para satisfazer as necessidades dos consumidores.
John Welham acrescenta ainda que “os proprietários com melhor financiamento têm conseguido investir em instalações, mas por norma em centros comerciais de maior dimensão e dominantes e frequentemente em detrimento de centros comerciais de menor dimensão. Estes centros comerciais mais pequenos, e o comércio de rua em zonas prime, ainda são bastante protegidos e extremamente importantes para um grande tipo de consumidores na Europa, mas têm padecido de anos de sub-investimento. Num clima económico desafiante, tem sido difícil melhorar as instalações, mas a falta de adaptação dos proprietários e dos agentes envolvidos na sua promoção e gestão, conduzirá inevitavelmente a uma perda de quota de mercado num ambiente de retalho de mudança dinâmica”.
O documento mostra ainda três diferentes grupos de países, reunidos geograficamente, que partilham em traços largos características de consumo: ‘Socialites de Centros Comerciais’ (Turquia, Espanha, Roménia, Itália, Irlanda); ‘Consumidores Utilitários’ (Suécia, Noruega, Dinamarca, República Checa); e ‘Corrente Dominante da Europa’ (Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Grécia, Hungria, Países Baixos, Polónia, Rússia e Suíça).
A este propósito, o director do departamento de Cross-Border Retail da CBRE Peter Gold, comenta que os “Socialites de Centros Comerciais encontram-se em países mediterrânicos como Turquia, Espanha e Itália, encaram os centros comerciais como ‘bons lugares para se encontrarem com amigos’ e procuram restaurantes de qualidade, cinemas e Wi-Fi gratuito. Os Consumidores Utilitários, pelo contrário, presentes sobretudo nos países escandinavos, valorizam a limpeza e a variedade de retalhistas, incluindo a presença de retalhistas independentes e grandes armazéns. Estes consumidores sentem-se menos atraídos pelas atividades de lazer adicionais que possam ser oferecidas por estes centros comerciais. Estes dois grupos distinguem-se da Corrente Dominante da Europa encontrada em mercados core de retail como França, Alemanha, Grã-Bretanha, e Polónia”.
Evidenciam-se ainda diferentes expectativas de acordo com a faixa etária. Como se esperava, a faixa etária mais jovem aprecia os aspectos sociais dos centros comerciais muito mais do que as faixas etárias mais avançadas, incluindo encontrar-se com amigos e usufruir de serviços de entretenimento como cinemas e Wi-Fi gratuito. Este grupo tende a utilizar mais os transportes públicos, portanto preocupam-se menos com o estacionamento. O interesse em serviços parece diminuir com a idade, em termos gerais. Nomeadamente, a faixa etária acima dos 65 anos tende a procurar centros comerciais cobertos com um grande armazém, estacionamento gratuito, lojas independentes, privilegiando a limpeza em relação ao preço.
Foto: Alexia Shopping Centre, Turquia