O Peru anunciou que vai gastar cerca de 25 mil milhões de euros em infra-estruturas. Face a esta realidade, o embaixador do Peru em Portugal lançou o repto às empresas portuguesas para concorrerem a estas obras, deixando a promessa de igualdade de condições no acesso aos concursos.
Na reunião organizada pelo Instituto para a Promoção e Desenvolvimento da América Latina (IPDAL), que juntou em Lisboa alguns jornalistas e uma representante da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o embaixador do Peru em Portugal declarou que este é um país com grandes potencialidades, nomeadamente económicas, turísticas e culturais mas a precisar de operações de infra-estruturação. Perante este cenário, Enrique Armando Román-Morey revelou que o Peru pretende investir, nos próximos dois anos, 31 mil milhões de dólares (cerca de 25 mil milhões de euros), na construção de infra-estruturas em vários setores. Fez ainda questão de salientar que a “a mudança de governo não afecta o crescimento” e que “existe um artigo na Constituição que garante igualdade no tratamento das empresas estrangeiras face às nacionais”.
Esta pode ser uma janela de oportunidade para as empresas portuguesas não só a operar no sector da construção, que não atravessa bons tempos, mas em outros sectores de actividade, já que existe a possibilidade de poderem investir em áreas tão diversificadas como agro-negócios, pescas, sector florestal e têxtil, minérios, energia e petroquímica, além do sector imobiliário, dos serviços e do turismo. Na lista das vantagens está ainda a possível abertura de uma ligação aérea directa entre Lisboa e Lima, já em 2015.
O consultor económico da embaixada peruana em Lisboa, Juan Luís Kuyeng, explicou que este é um país que representa um mercado de mais de quatro mil milhões de pessoas, que possui elevadas taxas de crescimento (a quarta maior do mundo na média entre 2006 e 2013, com 7% ao ano), que lidera o crescimento na América Latina (entre 2003 e 2013 cresceu 6,4% ao ano) e que ocupa a segunda posição na América Latina no ranking 'Doing Business' e na análise da Forbes sobre os países mais atractivos para investir.
Juan Luís Kuyeng deu ainda a conhecer que Portugal poderá ser mesmo um player estratégico, dadas as suas relações com o Brasil. Como explicou, uma vez que existem acordos de livre comércio entre o Peru e o Brasil, uma empresa portuguesa tem mais vantagens se produzir no Peru e depois exportar para o país vizinho, poupando, assim, nas tão criticadas elevadas taxas alfandegárias brasileiras.
Presente no evento esteve o administrador da farmacêutica Atral-Cipan, Carlos Araújo, que deu a conhecer a sua experiência naquele país: “É fácil instalar uma empresa no Peru porque o sistema fiscal e legal é transparente e estável, porque há bons serviços, bons operadores logísticos, o sistema financeiro é muito desenvolvido e é possível financiar a actividade sem precisar de garantias ou de cartas de conforto de Portugal”.
Segundo uma análise da Economist Intelligence Unit (EIU), a unidade de estudos económicos da revista The Economist, a promoção da imagem externa do Peru surge numa altura em que se verifica a aprovação de uma reforma fiscal que pretende reduzir o imposto sobre as empresas de 30 para 26% até 2019. Esta reforma fiscal, a par de um conjunto de outras medidas de estímulo à economia, que têm sido anunciadas desde Maio de 2014, vai permitir ao país crescer entre 5 e 5,5%, em 2015, e que poderá chegar aos 6%, em 2016.
Foto: Anabela Loureiro