O e-commerce (comércio electrónico) é o factor que mais está a impactar o sector dos centros comerciais. Esta realidade foi apurada pela consultora Cushman & Wakefield através do estudo “Survival of the Fittest”.
Dos resultados deste inquérito internacional realizado junto de proprietários de centros comerciais, apurou-se, num total de 68% dos inquiridos, uma concordância relativamente ao e-commerce ser o factor que mais tem causado mudanças na sua actividade e na gestão dos próprios centros comerciais.
A associate e directora de Research & Consultoria da Cushman & Wakefield, Marta Esteves Costa, esclarece que “o e-commerce não é o único factor que tem vindo a influenciar o mercado, nem é já hoje uma novidade, mas é o seu impacto tão significativo na indústria que o tem tornado num tema recorrente”.
Na perspectiva de dimensão dos imóveis, os inquiridos consideram que os centros comerciais de tamanho médio estão numa situação de maior risco, enquanto os centros comerciais mais pequenos e de conveniência, e os de grande dimensão, têm mais potencial para suportar ou mesmo beneficiar da incorporação de comércio electrónico, particularmente se tiverem um posicionamento e identidade bem definidos.
O estudo conclui também que para os proprietários os factores prioritários para a qualidade da operação de um centro comercial são os layouts mais adequados, uma boa oferta de restauração e um aumento da componente tecnológica nos centros e nas próprias lojas. Os ecrãs interactivos são a tecnologia mais adoptada, seguidos por websites com fins comerciais criados pelos próprios centros comerciais e pela disponibilização de redes de wi-fi grátis. À medida que as tecnologias mobile crescem de forma exponencial as aplicações são também uma das prioridades do sector e onde os proprietários dos centros investem cada vez mais.
Os inquiridos admitiram ter feito alterações no mix de lojistas para conseguirem atrair mais visitantes aos espaços comerciais, assim como melhorias no layout e ambiente dos centros, sendo a restauração, os conceitos de lazer e a presença de marcas internacionais os principais catalisadores.
É expectável que os contratos de arrendamento se tornem mais flexíveis e de duração mais curta. Existe uma visão partilhada pela grande parte dos proprietários inquiridos de que as vendas realizadas fora das lojas físicas também devem ser incluídas nos termos dos contratos, visto que com o aumento do e-commerce, as vendas efectuadas nas lojas se tornam um indicador cada vez menos revelador da viabilidade e relevância da loja.
Uma questão que reúne grande consenso entre os inquiridos é a importância da logística, que é vista como uma das áreas com mais oportunidades para melhorar o serviço e eficiência dos retalhistas, que cada vez mais utilizam vários canais de venda para atraírem e fidelizarem os consumidores.
Segundo a representante da C&W, “os centros comerciais que ofereçam uma grande variedade de serviços e que captem a atenção de toda a família, serão os activos preferidos no futuro. No entanto, o tamanho não é tudo e existe sempre espaço para desenvolver projectos mais diversificados e com menor dimensão, como galerias comerciais focadas num determinado segmento ou espaços locais com uma proposta de valor baseada na conveniência. A mensagem é clara: os centros precisam de uma identidade própria e uma razão de ser bem definida”.
Marta Esteves Costa refere ainda que, “não obstante o claro potencial de crescimento que hoje é reconhecido nos centros comerciais urbanos, apontados como os espaços de retalho do futuro que deverão ter excelentes acessibilidades e uma configuração altamente flexível, os centros fora das cidades têm também razão para existir, e muitos deles estão muito bem preparados para enfrentar a nova era do retalho. Os que estão dentro das cidades irão também, e em muitos casos isto é já visível hoje, desempenhar um papel importante na integração de áreas urbanas e a sua existência irá ser utilizada como um centro social e um destino para eventos e serviços”.
Refira-se que o estudo “Survival of the Fittest” apresenta os resultados de inquéritos feitos a proprietários e gestores de 1.500 centros comerciais (aproximadamente 20% do total do mercado europeu), sobre o impacto do e-commerce no sector.