De acordo com o mais recente estudo da consultora Cushman & Wakefield, o comércio de rua é o único segmento do sector imobiliário comercial que se recuperou totalmente da recessão. Portugal não foi excepção.
O estudo ‘Capital Views – High Street Renaissance in Europe’ revela igualmente que o crescimento deste mercado passou a estender-se do núcleo europeu à periferia e passou também das zonas nobres para as secundárias.
Mais, esta análise avança que a CEE, Alemanha, Portugal, Espanha e Suécia estão cotados como ‘hot spots’ para o investimento em 2016.
O ‘Capital Views’ mostra que as zonas prime das cidades europeias, onde se localizam as lojas mais luxuosas, registaram mais um ano de crescimento das rendas em 2015. A título de exemplo, as rendas na Via Montenapoleone em Milão cresceram 41,2% em um único ano, tornando-se o mais rápido crescimento do mercado de aluguer de comércio de rua na Europa no Q4 2015, à frente da Roma Via Condotti (crescimento de 37,5%) e da Diagonal, em Barcelona (33,3%).
Em outros locais tem-se observado aumentos menores mas rápidos, tal é o caso de Paris, Londres, Dublin, Veneza, Lisboa e Madrid. Como resultado deste crescimento extraordinário, o comércio de rua é agora o único segmento do sector imobiliário comercial na Europa onde o aluguer com base numa média ponderada está acima dos seus anteriores picos e as yields estão abaixo dos níveis da pré-recessão.
A Avenida Montaigne e a Rua du Faubourg St Honoré, em Paris, avançaram rapidamente na sua recuperação, tendo as rendas duplicado desde 2011. Não muito atrás surge a Bond Street e o Covent Garden, em Londres, com rendas que vão até 90%. As ruas mais exclusivas em Milão e Roma vão 70% à frente dos valores de 2011, enquanto as vias seleccionadas em Madrid e Barcelona vão até 30-40%.
No caso particular de Portugal, o estudo refere que o mercado está a expandir-se do formato tradicional e dominante de centros comerciais para o comércio de rua nos centros urbanos, o que se deve em grande parte graças à indústria do turismo que se encontra em franca expansão.
Um número de retalhistas revelou que faz parte dos seus planos entrar no mercado de comércio de rua de Portugal e, ao contrário de 2014, mostram-se ansiosos por garantir espaços fora das zonas prime de Lisboa e começam a procurar as ruas secundárias da capital e até mesmo outras cidades do País.
Na verdade, salienta o estudo, as cidades de menores dimensões do País com baixa penetração de marcas internacionais têm visto fortes aumentos na procura de ocupação nos últimos trimestres. Além disso, a recente flexibilização das leis de planeamento e os incentivos fiscais para a reabilitação urbana, bem como para a construção nova, a par de uma lei do arrendamento mais favorável entre proprietários e inquilinos, aceleraram as melhorias do stock de retalho nas ruas mais atraentes dos centros históricos das cidades de Portugal.
Foto: Anabela Loureiro