O estudo Global Commercial Property Monitor, publicado pelo RICS, afirma que o Índice de Confiança do mercado imobiliário mundial tem vindo a melhorar, nomeadamente nos mercados europeus onde a procura por parte dos investidores tem aumentado.
Segundo a última edição do Global Commercial Property Monitor, durante o terceiro trimestre de 2016, o investimento no segmento do imobiliário comercial tem registado uma procura muito ativa em diversas cidades europeias, incluindo Munique, Frankfurt, Berlim, Madrid e Budapeste, devido às iniciativas do Banco Central Europeu que têm facilitado a injecção de liquidez nos mercados europeus.
Do ponto de vista dos ocupantes, os indicadores do RICS destacam os resultados alcançados no mercado húngaro e português, sendo que no mercado nacional o segmento dos escritórios regista taxas de crescimento consideráveis, contrariamente ao sector industrial. O pacote de incentivos atribuído pelos proprietários tem vindo a decrescer, tanto no sector dos escritórios, como no de retalho desde há nove relatórios consecutivos.
Nos próximos 12 meses prevê-se que as rendas aumentem em todas as zonas de escritórios do mercado, sendo a do Prime Central Business District a que regista as melhores previsões, com aumentos previstos na ordem dos 7%.
Na análise feita ao segmento dos ocupantes de imobiliário comercial, destaca-se o ranking do Índice de Confiança dos Ocupantes (uma combinação de oferta, procura e rendas esperadas) que registou um saldo positivo de 33 p.p. neste 3º trimestre, ligeiramente abaixo do período homólogo que tinha registado 34 p.p..
No segmento do investimento imobiliário comercial, 42% dos inquiridos afirmam que durante este período o mercado português continuou a registar uma forte procura por parte de investidores estrangeiros.
A cidade de Lisboa continua a ser percecionada como sendo uma das capitais com imobiliário mais competitivo a nível de preço, a par de Atenas.
Em relação ao acesso ao crédito, 73% dos inquiridos consideram que houve uma melhoria das condições, traduzindo-se num sinal muito positivo para o mercado de transacções imobiliárias que começa a deixar de estar condicionado e limitado ao mercado financeiro.
A oferta de imóveis para venda decresceu tanto em retalho, como em escritórios e aumentou ligeiramente no segmento industrial e logístico. Nos próximos 12 meses prevê-se um aumento de valorização de capital em todos os segmentos de imobiliário comercial, com especial enfoque no mercado de escritórios prime.
Em suma, 63% dos inquiridos consideram que o mercado imobiliário tem vindo a recuperar, enquanto 23% consideram que o mercado já atingiu o pico de crescimento.
O Índice de Confiança dos Investidores situa-se agora nos 22 p.p. face aos 42 p.p. do início do ano, o que demonstra um contínuo interesse, mas com uma abordagem mais cautelosa ao mercado português.
Esta análise refere ainda que a insegurança sentida nos mercados após o referendo que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia tem vindo a dissipar-se, uma vez que a curto prazo não deverão ser sentidas grandes alterações. As mudanças só são esperadas daqui a 2 anos, no entanto diversas empresas têm vindo a estudar a possibilidade de sair do Reino Unido ou de recolocar parte das suas unidades de negócio, em resposta ao Brexit.
30% dos inquiridos na Polónia, Alemanha e Irlanda afirmam terem sido contactados por empresas britânicas e em menor escala mercados como o de Espanha, França e Holanda também têm suscitado interesse para acolher estas possíveis deslocalizações. As cidades com maior procura têm sido Berlim e Frankfurt.
Eric van Leuven, presidente do RICS Portugal comenta: “O sentimento positivo expresso pelos inquiridos relativamente às actuais condições favoráveis de mercado espelha-se no aumento de actividade dos associados do RICS em Portugal, seja na área de avaliação, seja de investimento ou de construção”.