Um grupo restrito de jornalistas portugueses e brasileiros foi convidado a visitar as unidades da fischer, na Alemanha. A Magazine Imobiliário esteve, assim, na empresa famosa pela produção da primeira ‘bucha’. O ‘tour’ decorreu ao ritmo de um relógio alemão, sempre certo, sempre a horas. Na bagagem trouxe como novidades o facto de a empresa ir fazer uma maior aposta em Portugal, de o nosso País ser a porta de acesso aos PALOPS e que o fischer TourTruck vai passar pelas cidades portuguesas.
Universo fischer
Em plena Floresta Negra, ergue-se a sede da fischer em Waldachtal, Tumlinger, na Alemanha, que conta actualmente com 1.250 colaboradores e onde se promove o desenvolvimento e produção de acoramentos em aço e buchas de plástico.
Para lá destas instalações, o grupo de jornalistas teve ainda a oportunidade de visitar as unidades de Denzlingen, onde 139 colaboradores trabalham com produtos químicos de construção; seguindo-se Horb, com 354 colaboradores na área de sistemas automobilísticos; e Freiburg com 109 colaboradores na produção de ancoramentos de aço.
Em Tumlinger, o dia começa bem cedo e às primeiras badaladas Alexander Bässler, gestor regional da fischer Europa, vai dando a conhecer o ‘universo fischer’.
Empresa “familiar” conta actualmente com uma equipa de 4.600 funcionários em todo o mundo, estando representada com 46 empresas em 34 países e exportando para mais de 100 países. Só em 2016 gerou um volume de negócios anual de 755 milhões de euros.
As quatro áreas de negócio a que se dedica incluem sistemas de fixação fischer, fischer automotive systems, fischertechnik e fischer Consulting. Refira-se que, segundo a empresa, os sistemas de fixação fischer são líderes no mercado tecnológico, em áreas importantes da tecnologia de fixação, e foram responsáveis por 75% das receitas. Só para se ter uma noção da importância desta área, fique a saber-se que, por dia, são vendidos 14,6 milhões destes sistemas.
Alexander Bässler refere ainda que os “sistemas de fixação em edifícios estão a ficar mais importantes” no seio da fischer. Mas é ao nível da inovação, em particular do número de patentes, que reside o seu “orgulho”, uma vez que “35% das patentes registadas resultam em novos produtos ou aplicações”.
Aliás, para quem pensava que já não se podia inovar ao nível das buchas, Klaus Fischer, proprietário e presidente do Conselho do fischer Group, lançou no mercado a Duopower, uma bucha com dois componentes e com um design arrojado (ver foto da notícia).
Estratégia para Portugal
Em Portugal a fischer está implementada há 10 anos e conta, actualmente, com sede no Parque das Nações, em Lisboa. Este espaço disponibiliza informação sobre os produtos e assistência em projectos para construtores, arquitectos, instaladores, empresas associadas e gabinetes de engenharia, a par de um espaço de formação e um showroom.
No nosso País actua nos segmentos de DIY (Do It Yourself - Faça Você Mesmo) em espaços como Leroy Merlin, AKI, Maxmat, Brico Depôt, entre outros, também ao nível da distribuição e OEM, estando ainda envolvida em projectos de Engenharia e Reabilitação Urbana.
Em jeito de balanço, Alexander Bässler destaca a “boa performance em Portugal” que, aliás, “foi melhor do que estávamos à espera, já que a equipa saiu-se muito bem especialmente após a saída dos problemas financeiros a que assistimos”. Além disso, diz que a actividade no nosso País está a “correr muito bem", embora reconheça que em certos nichos "existe muito mais que podemos fazer”.
Com efeito, segundo o director-geral da fischer Portugal, João Fernandes, o DIY para as grandes superfícies tem sido o “best seller” no nosso País, a par dos “projectos de construção de infra-estruturas”. Com efeito, em Portugal, a fischer já participou em alguns projectos emblemáticos, como é o caso das obras de manutenção da Ponte 25 de Abril, em Lisboa, o Túnel do Marão, entre Amarante e Vila Real, o Shopping IKEA, em Loulé, ou vários hotéis.
Para breve poderão acrescentar a esta lista outros empreendimentos, pois conforme João Fernandes avança: “Projectos há vários de empresas portuguesas, nomeadamente de barragens, e no exterior feito por empresas portuguesas”, além de que “há projectos previstos que vão sair aos poucos do papel” e nos quais a fischer “pretende entrar”.
Ainda assim, quando há cerca de dois anos João Fernandes passou a ser responsável pela fischer Portugal, percebeu que existia um “potencial de vendas que estava a ser perdido”. A separação dos mercados de Espanha e Portugal, o cenário português mais propício à construção e a injecção de um milhão de euros que será incrementada ao longo dos próximos três anos, poderá mudar este cenário. Se em 2015 a fischer Portugal registou um crescimento de vendas de 70%, para 2017 espera-se um aumento na ordem dos três milhões de euros.
Questionado pelos jornalistas portugueses quanto à estratégia seguida para Portugal, Alexander Bässler explica que os produtos que vimos na fischer são “basicamente os mesmos em toda a Europa”, pelo que “não existe uma abordagem específica para o mercado português”. Ainda assim, considera que dão uma maior importância ao ‘packaging’ (embalagem) na hora de vender os seus produtos no nosso mercado, uma vez que os portugueses dão muita importância à “visualização dos produtos”, nomeadamente ao “window packaging, white packaging, plastic boxes” que são “mais apelativas para os clientes portugueses”.
Curiosamente, os produtos da ‘green line’, mais ecológicos e sustentáveis, muito apreciados em países como a Alemanha, Itália, Noruega ou Suécia, “não são muito procurados pelos portugueses”, segundo João Fernandes, o que se deve, muito provavelmente, ao preço que é superior aos demais produtos da fischer no nosso País.
Alexander Bässler revela também que o “e-commerce é muito importante actualmente e poderá ter também um papel importante no futuro em Portugal”. O facto de quererem estar “próximos dos clientes em todos os canais”, de tentarem “cobrir todos os canais da melhor maneira possível” e quererem “realmente liderar em todos”, faz com que esta seja uma “estratégia específica” que querem seguir em Portugal.
Para o representante da fischer, “todos os mercados na Europa têm a mesma importância para nós” mas “Portugal em especial é um mercado interessante pelo acesso aos mercados africanos”. Com efeito, a empresa alemã encontra-se a apostar fortemente nos mercados de Angola e Moçambique.
Tendo em conta o mercado Ibérico, não está, no entanto, prevista nenhuma fábrica para Portugal, apenas a distribuição dos produtos fischer. Ainda assim, acredita que se “houver uma oportunidade ao nível dos países africanos (PALOPS) poderão equacionar uma fábrica ou armazém em Portugal para os produtos africanos”.
Por Portugal deverá ainda passar o fischer TourTruck com agenda marcada para Janeiro de 2018.
Este é o primeiro centro móvel de formação e exposição para a técnica de fixação junto dos parceiros comerciais locais. O camião possui 16,50 metros de comprimento, 7,80 metros de largura e 6,25 metros de altura. Percorreu toda a Alemanha num ano, indo agora passar por diversas cidades da Europa nos próximos quatro anos, incluindo Portugal. Está previsto ainda um outro fischer TourTruck através da Ásia.
De acordo com Alexander Bässler, “o fischer Truck custou perto de um milhão”. Acrescentando que “temos em planeamento um segundo devido ao sucesso do primeiro que esteve a percorrer a Alemanha e em apenas um ano ficou completamente esgotado”.
Um mundo à (nossa) parte
Durante vários dias, a comitiva de jornalistas pode interiorizar a filosofia e a política ambiental, social e educacional séria que existe em todas as unidades fischer. Pôde também constatar o elevado nível de automatização mas onde, ainda assim, os recursos humanos são colocados num patamar superior e de fazer inveja às melhores fábricas portuguesas. Afinal quantos funcionários de unidades portuguesas poderão dizer que operam no meio de uma floresta verdejante, podem ir ao ginásio dentro das instalações, almoçam na cantina uma refeição concebida por um Chef estrelas Michelin ou patrocinam o campeão olímpico no Concurso Completo de Equitação?
Alexander Bässler diz que “não somos arrogantes ao dizermos que somos líderes de mercado mas estamos entre as empresas no topo”. Como defende: “Queremos ser os melhores no que fazemos, o que não quer dizer necessariamente os maiores”.