A CBRE e a Neoturis realizaram a conferência “O Cluster Turismo e a Reabilitação Urbana”, no espaço da Sociedade de Geografia de Lisboa. Em cima da mesa esteve em discussão os desafios dos hostels e do short rental no âmbito da realidade urbano-turística de Lisboa.
Tendo como anfitriões Francisco Sottomayor, director de Promoção da CBRE, e Eduardo Abreu, partner da Neoturis, o evento pretendeu lançar o repto sobre questões como: Existe procura segura para todo o pipeline de novos alojamentos? Hostels e Short Rental complementos ou concorrentes da hotelaria tradicional?
A iniciativa partiu do pressuposto de que o turismo e a hotelaria estão a transformar a Baixa de Lisboa com um ritmo impressionante de novas unidades em lançamento e em obra. Para debater esta realidade, estiveram à conversa Rodrigo Machaz do grupo Memmo Hotéis, Nuno Gomes de Pinho da Lisbonaire Apartments e João Teixeira do Destination Hostels.
Rodrigo Machaz recordou que a primeira “revolução” na hotelaria começou no “Algarve com a oferta de unidades Turismo em Espaço Rural” e voltou a assistir-se, mais recentemente, a uma “nova revolução” com “a oferta de hostels em Lisboa”. Na sua opinião, estas novas unidades de alojamento são “inovadoras” porque sabem o que é “hospitalidade”, “autenticidade” e “receber de alma-e-coração”, o que contrasta com a “hotelaria tradicional que fossilizou” e que “não sabe vender sonhos mas antes sonos”. Considerou ainda que os hostels e o short rental desempenham um “papel vital na oferta hoteleira de Lisboa, apesar da legislação não ser a mesma (que a hotelaria clássica)”.
Já na opinião de Nuno Gomes de Pinho a “Câmara Municipal de Lisboa pode trabalhar mais para melhorar a cidade”, nomeadamente ao nível da “segurança e higiene”. Uma vez que existe uma maior concentração destas unidades de alojamento turístico na Baixa da cidade, lançou alguns desafios à autarquia, como por exemplo: “acabar com as filas no eléctrico 28”, “não haver lixo nos caixotes ao final da tarde”, “o facto de existir uma ligação da cidade ao rio poderiam ser abertos os chafarizes na cidade”, melhorar a “iluminação no Rossio que é pobre”.
João Teixeira, por seu lado, explicou alguns conceitos sobre os hostels. Traduzindo o “s” desta palavra em “espaço social”, “ponto de encontro entre clientes” e em que o turista “viaja sozinho mas não se sente sozinho”. Apresentou ainda algumas das tendências para este mercado que evidencia um “aumento do número de unidades, de camas e de tamanho médio de cada hostel”, “o surgimento de quartos suite, twin e para famílias” e a “entrada de grandes grupos de hostels internacionais com 300 camas em Portugal”, muito embora tenha reconhecido que “estes ‘gigantes’ vão ter dificuldades em entrar em Lisboa derivado da concorrência”. Aliás, explicou que mesmo os “pequenos operadores que comecem agora uma operação de hostel terão uma missão difícil”.
Eduardo Abreu focou ainda uma questão pertinente dos hostels versus desvalorização dos activos imobiliários que estão no mercado para venda. Para João Teixeira isso é um facto, existe uma “desvalorização dos imóveis para hostels”. No entanto, Nuno Gomes de Pinho lembrou que “na maioria dos hostels os gestores não são proprietários dos imóveis onde estão”, porém “é visível que agentes imobiliários façam a promoção de determinados edifícios como hostel”.
Pedindo a palavra, a presidente da Direcção Executiva da Associação de Hotéis de Portugal, Cristina Siza Vieira, lembrou que no âmbito da reabilitação urbana existe um “superavit de oferta para turismo em detrimento da oferta para habitação”. Recordando que para abrir um hostel “apenas é preciso uma licença de habitação”, a par das “vantagens fiscais que isso traz”; mas que a médio e longo prazo poder-se-á traduzir na “degradação dos habitantes e na massificação dos turistas”. Para Cristina Siza Vieira, “ uma boa cidade para viver é uma boa cidade para o turismo e não o contrário”.
Foto: Memmo Alfama