O turismo fez renascer a linha do eléctrico que liga a Rua da Misericórdia ao Rato. Mas o facto do eléctrico 24 ser direccionado a turistas já causou polémica.

Há 20 anos que não circulava o nº 24 na linha do eléctrico alfacinha. Amanhã vai ser inaugurado o circuito Chiado Tram Tour, criado pela Carristur, empresa de turismo da transportadora lisboeta Carris.

A viagem inaugural vai contar com a presença do presidente do conselho de administração da Transportes de Lisboa (que junta a Carris e o Metro de Lisboa) e da Carristur, Rui Loureiro. O momento vai servir para activar esta linha e também para divulgar, pela primeira vez, o percurso e o preço do bilhete.

Mau grado, segundo o Público, este circuito já levantou várias vozes de protesto pelo facto de ser um circuito turístico e não para a população em geral. Uma dessas vozes é a da presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, Carla Madeira, que, em comunicado publicado na página de Facebook da junta, declara que “a instalação deste serviço, que em nada beneficia os residentes, contrariamente ao que aconteceria se fosse reactivado nesta linha o eléctrico 24, significou a eliminação de inúmeros lugares de estacionamento na Rua da Misericórdia”, lamentado esta situação uma vez que se trata de uma freguesia com “grande e conhecido défice de estacionamento”.

Mas nem todos mostram desagravo. A Plataforma Eléctrico 24, constituída por representantes de várias associações, refere que este é “o primeiro passo para a reactivação da linha 24”. Refira-se que existe mesmo uma petição online a favor da reactivação deste antigo circuito que é dirigida aos presidentes da Câmara de Lisboa, da Assembleia da República, do Turismo de Portugal, da Associação de Turismo de Lisboa, ao ministro da Economia e aos secretários de Estado dos Transportes e do Turismo e que já conta com 1845 assinaturas (há hora em que esta notícia foi colocada no nosso site).

Recorde-se que o eléctrico 24 ligou, em 1905, o Cais do Sodré a Campolide, indo desde o Cais do Sodré, passando pela Rua do Alecrim, Príncipe Real e Rato até às Amoreiras. Mas acabou por ser suspenso temporariamente, em 1995, de forma a se poder construir um parque de estacionamento subterrâneo em Campolide. O problema foi que, quando estas obras terminaram, a construção da estação de metro no Rato e o reperfilamento do largo colocaram parte dos carris debaixo de um passeio, tendo a respectiva linha ficado desactivada. Daí também que o novo circuito eléctrico turístico termine na zona do Rato.

Foto: Petição Pela reactivação do Eléctrico 24