O site da Associação Hoteleira de Portugal (AHP) dá conta que o número de casas disponíveis para alojamento local cresceu 385% desde a entrada em vigor da nova lei, em Novembro de 2014. Os números divulgados revelam que de seis mil imóveis registados para estadas de curta duração, existem, hoje, mais de 29 mil.
Segundo a AHP trata-se de um valor quase cinco vezes mais. Ao todo, há 158 mil camas disponíveis em alojamentos turísticos, a tempo inteiro ou parcial, e cada vez mais pessoas estão a abrir as portas das suas casas.
O presidente da Associação de Alojamento Local (ALEP), Eduardo Miranda, citado no documento online, refere que “há um gosto e uma vocação nos portugueses para receber e já perceberam que a casa não tem de estar fechada e pode ser rentabilizada”, afastando comparações entre o sector e a hotelaria tradicional por considerar que o tipo de serviço, tempo de estada e até custos associados os afastam completamente: “Na hotelaria cada quarto vale por duas camas; no alojamento local temos de registar um máximo de camas e as comparações acabam por ser inflacionadas”.
Eduardo Miranda afirma que é difícil fazer contas num novo sector que cresceu em muito devido a portais como o Airbnb ou Homeaway. “Não conseguimos perceber quantos destes alojamentos são novos, porque muita gente já os tinha disponíveis para turistas, mas de forma ilegal. Não temos forma de separar a legalização das novas casas”.
A AHP avança também que o Algarve e o Litoral representam a maior fatia dos alojamentos disponíveis (55%), mas onde “praticamente não houve colocação de novas casas no mercado”. Uma outra realidade deste sector é que “muitos alojamentos só estão disponíveis parte do ano” porque pertencem a portugueses emigrantes ou a famílias que vão de férias e preferem deixar a casa ocupada. Ainda assim, sabe-se que 90% dos que disponibilizam casas próprias a turistas são “pequenos proprietários com um ou dois imóveis”, alguns são estrangeiros a viver a meio tempo no País” e outros são “jovens que tinham um T1, principalmente em Lisboa e no Porto e que trocaram de casa para uma maior, especialmente nas zonas históricas pouco vantajosas para as famílias”.
O presidente da Associação de Alojamento Local alerta, no entanto, que colocar uma casa para arrendar temporariamente não tem apenas vantagens e “muitas pessoas estão a ser encaminhadas para o alojamento local ao engano”.
Segundo Eduardo Miranda arrendar uma casa a turistas em regime temporário “não pode ser visto como uma rentabilização do imóvel, o alojamento local é uma prestação de serviços muito exigente e que tem custos”. O interlocutor avança com, pelo menos “20 despesas incluídas”, sem contar com impostos, dos quais destaca sete que são fixos - “limpeza, check in e check out, IVA (que é logo 6%), água (muito cara em algumas zonas do País), luz, gás e comissão para sites que pode ir até 15%” – os quais por si só podem levar 40% do rendimento do proprietário, que tem ainda de contar com alturas de maior fluxo turístico e outros de fraca procura.
A AHP, no documento online, fez as contas entre a capacidade disponível nos 1.165 hotéis nacionais e 36 pousadas e contabilizou 192 mil camas, contra as 158 mil (máximo previsto) do alojamento local. Por outras palavras, 45% das camas disponíveis já se encontram no alojamento local e 55% nos alojamentos tradicionais.
Os números revelados demonstram ainda que a região de Lisboa é a que tem a maior oferta, possuindo 5.057 alojamentos locais e absorvendo 43% das camas disponíveis. Já na região metropolitana do Porto há 1.784 alojamentos temporários, ou seja, sete mil camas disponíveis.
Foto: Anabela Loureiro