O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) diz no site da associação que, este ano, os hotéis no Algarve esgotaram e os preços dispararam. Ainda assim, adverte que o aumento do turismo no País deve ser acompanhado com mais investimento em infra-estruturas.

De acordo com a notícia avançada no site da AHP, Raul Martins, presidente do conselho de administração da Altis, que assumiu este ano a liderança da associação, “o Algarve, por todas as razões que conhecemos e outras externas (que vêm da Turquia ou outros destinos), está esgotado para o Verão e em Maio já começou a ultrapassar os anos mais recentes, que foram menos bons. A região tem feito muito melhor preço do que noutros anos e tem melhor ocupação. E merece porque é um destino fantástico”.

No que diz respeito a preços, Raúl Martins refere que “devem ter aumentado cerca de 20%”, o que “tem que ver com a procura”. Acrescentando que “também há portugueses, mas o preço nos hotéis é muito feito pelo mercado externo e o nacional terá depois de pagar o que os estrangeiros pagam”, “sendo que os portugueses recorrem muito aos apartamentos”.

Ainda assim alerta “que é preciso acompanhar este bom momento com investimentos em infra-estruturas, em concreto, com a construção do novo aeroporto para as companhias low cost no Montijo”. Dizendo também que “o sector ficou a ganhar com o aumento de trabalhadores qualificados que hoje (e ao contrário do que sucedia antes da crise de 2008) aceitam emprego fora da sua área de formação inicial”.

Apesar de Raul Martins não criticar “o arrendamento temporário de casas a turistas, defende vistorias e autorização prévia dos condomínios para que esta actividade se possa instalar”. Justificando esta exigência com a “reacção negativa aos turistas” por parte dos habitantes. Num diagnóstico que o Governo realizou recentemente ao turismo, ficou a saber-se que 50% da população empregada no alojamento e restauração tem até ao nível de ensino básico e que o rendimento médio anual é cerca de 37% inferior ao do conjunto da economia. De acordo com a AHP este “não é um retrato abonatório”.

A mesma fonte revela que “hoje, quem trabalha em hotelaria ou tem curso de formação na área ou, pura e simplesmente, não é admitido” e que “na restauração fora dos hotéis essa situação já ocorre e, com frequência, não há formação adequada”. A média que Raúl Martins se refere é “muito influenciada pela restauração”. Se por um lado, “na hotelaria o ordenado é sempre acima do ordenado mínimo”, por outro, “temos um volume muito grande de funções que não necessitam de habilitações elevadas, como, por exemplo, na limpeza e nos quartos”. Refira-se que estas duas áreas, num hotel convencional, representam a maior parte dos empregados e com salários mais baixos face a outros lugares. Quando se passa para o nível intermédio, “na recepção ou restauração, temos um patamar de ordenados que está acima da média da indústria”. Por isso, salienta que “há que saber ler os números”, pois “na hotelaria já não podemos trabalhar com quem não tem qualificação”.

Foto: RTA – Hélio Ramos