Os dados oficiais revelam que o número de unidades de alojamento nos Açores cresceu mais de 60% nos últimos dois anos. Este cenário acentuou-se a partir de 2015, altura em que se liberalizou o espaço aéreo. Mas outros factores há que explicam este cenário.

A secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo, Marta Guerreiro, em declarações à Lusa, adiantou que este aumento “tem muito a ver com esta fase de expansão que estamos a verificar no turismo, mas esta fase de expansão não começou apenas com as low cost. Nós tivemos crescimentos bastante significativos no mercado americano, nos Estados Unidos e no Canadá, com rotas que não são servidas por low cost, onde têm sido feitas campanhas intensas de divulgação do destino e de captação de turistas”.

As informações fornecidas pela secretaria regional da Energia, Ambiente e Turismo demonstram que Os Açores passaram de 760 unidades de alojamento, em 2015, para 1.239, em 2016, traduzindo um crescimento na ordem dos 63%. Este aumento verificou-se em todas as ilhas com a excepção do Corvo até porque esta é a ilha mais pequena do arquipélago. Assim, os dados mostram o forte crescimento das ilhas Terceira em 104%, São Miguel em 69% e Pico em 64%.

Igual aumento foi registado ao nível do número de camas, que passou de 12.602, em 2015, para 15.818, em 2016, em toda a região, ou seja, um aumento de cerca de 25%.

Há ainda a registar o surgimento de sete novas unidades de hotelaria tradicional, sendo que, actualmente, encontra-se em fase de licenciamento 26 novas unidades que traduzem um incremento de 2.178 camas. Mais relevante é o alojamento local que passou de 591 unidades, em 2015, para 1.060, em 2016.

A secretária regional destacou que para esta realidade positiva do turismo dos Açores muito contribuiu a capacidade de investimento de alguns privados e a mudança do perfil de turista. Relativamente ao alojamento local, Marta Guerreiro considerou que “este tipo de alojamento é muito importante, porque permite aos turistas que nos visitam terem experiências diferentes no destino. Estão muitas vezes mais próximos das populações, mais integrados. É uma oferta complementar que consideramos bastante interessante, naturalmente devidamente legalizada e com todas as questões fiscais regulares”.

A aposta do turismo dos Açores, conforme a secretária regional avançou, e de forma a garantir a sustentabilidade do sector, tem agora de passar pela qualificação do destino, em termos de infra-estruturas, divulgação e formação de recursos humanos.

“Temos noção de que não teremos taxas de crescimento na ordem dos 20%, como tem acontecido no último ano. A perspectiva que nós temos para os próximos anos continua a ser muito positiva, mas temos a clara noção de que não cresceremos assim para sempre e, por isso, o que interessa é encontrar um modelo onde o turismo tenha uma base sustentada”, afirmou.

Esta é uma ideia partilhada pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores, Sandro Paim que diz que os “números como os que tivemos no ano passado são difíceis, mas nós achamos que ainda há muita margem de crescimento”. E essa margem poderá passar por um crescimento do turismo na ordem dos 10% e uma taxa de ocupação média a rondar os 50%.

Foto: Anabela Loureiro