O ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, afirmou hoje que a gestão da zona costeira deve ser uma prioridade até porque Portugal é um dos países europeus com maior risco devido aos efeitos das alterações climáticas.
Na visita que decorreu à praia do Tarquínio, na Costa de Caparica, onde já se encontram em curso os trabalhos de reposição do areal que foi arrastado pelos temporais do último Inverno, Jorge Moreira da Silva considerou que a gestão da costa portuguesa deve ser “uma prioridade que deve mobilizar toda a sociedade, todos os órgãos de soberania e recursos financeiros, mas que deve mobilizar essencialmente uma política estrutural e integrada”. Acrescentando que é, precisamente, “as intempéries do último Inverno vieram apenas confirmar que se trata de uma situação de absoluta emergência e de total prioridade, que deve ser alocada por parte do Governo e das autarquias”.
Segundo foi avançado, até ao final do mês de Agosto, as praias da Costa de Caparica vão receber um milhão de metros cúbicos de areia retirada do canal de Lisboa, mas cada uma das praias - ou troços de praia com um máximo de 200 metros -, só deverá ser interditada durante uma semana. Esta obra esta orçada em cerca de cinco milhões de euros, uma pequena parte do investimento previsto pelo Governo para a gestão de toda a orla costeira para este ano, no valor global de cerca de 300 milhões de euros. De acordo com o ministro do Ambiente, das 18 intervenções já programadas para 18 municípios, no valor global de 16 milhões de euros, cerca de dez já estão concretizadas ou em fase de intervenção.
Jorge Moreira da Silva lembrou ainda que “25% da costa portuguesa está sob risco de erosão, 67% sob risco de perda de alguma parte do território e 14% já está artificializada”. Salientando que “Portugal, infelizmente, é um dos países que terá de enfrentar riscos mais significativos das mudanças climáticas, quando comparado com outros países europeus”.
Por isso mesmo, o ministério entende que “os próximos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC), os próximos planos de acção para o período 2015/2020, deveriam contar com o contributo, a montante, de um conjunto de especialistas liderado pelo professor Filipe Duarte Santos, um trabalho sobre a nova estratégia de gestão integrada da zona costeira, que será conhecido depois do Verão”.
O ministro revelou ainda que está em curso um programa sistemático de demolições, o que acontece pela primeira vez nos últimos 20 anos, e que prevê 835 demolições em diversos locais da costa portuguesa, que se iniciaram há cerca de um mês em São Bartolomeu do Mar, em Esposende, e que deverão estar concluídas em 2015.
Foto: Anabela Loureiro