O ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, afirmou hoje, no Porto, que Portugal atingiu “o nível mais baixo da dependência energética do exterior dos últimos 20 anos”. Ainda assim, na sua opinião, “continua a ser excessivo”.
Na sessão de abertura da conferência “O Compromisso para o Crescimento Verde e a Energia”, a decorrer no Porto, Jorge Moreira da Silva afirmava que “um país que depende 71,5% do exterior depende, obviamente, demasiado dos outros para o seu modelo de desenvolvimento económico”. Ainda assim, lembrou que “em 2005, a nossa dependência energética do exterior era de 90%”.
Para ministro existem “dois factores decisivos” para que a redução da dependência energética seja real: “A aposta nas energias renováveis e na eficiência energética”, embora reconheça que tem havido um “desacoplamento entre Produto Interno Bruto (PIB) e o consumo de energia”.
Esta conferência contou com mais de cem participantes em representação de mais de 60 empresas e entidades ligadas ao sector energético. A mesma insere-se no âmbito da discussão pública da Proposta para o Crescimento Verde, que decorre até 15 de Janeiro de 2015.
O governante explicou que este documento, que foi realizado em colaboração com cerca de uma centena de associações, “tem orientações estratégicas e iniciativas, e isso determina uma ambição e uma estratégia, mas é suficientemente aberto ao nível de modelo de gestão para poder acomodar diferentes leituras no plano político partidário e plano programático e ideológico”.
Acrescentando que está “muito confiante de que lá para Fevereiro, depois desta discussão que decorrerá até Janeiro, se possa ter um quadro de compromisso que envolva esta centena de associações, mas era importante que os partidos políticos também fizessem a sua parte. Não deixaremos de os convocar para esta discussão, por isso irei ao Parlamento, em breve, para discutir com vários dos parlamentares este documento”.
A conferência serviu ainda para Moreira da Silva defender que a Península Ibérica deve aproveitar a presente crise de insegurança energética, em especial de gás, na União Europeia, para posicionar os sete terminais de GNL (gás natural liquefeito) localizados em Portugal e Espanha enquanto 'hub' estratégico de fornecimento de gás para a UE, reduzindo as importações de gás da Rússia. Na sua opinião, os actuais terminais poderão, com reforço de interligações europeias, nomeadamente entre Espanha e França, substituir 50% das importações europeias de gás da Rússia. O terminal de Sines poderá, mesmo, substituir 7% das importações de gás da Rússia.
Refira-se que o Compromisso para o Crescimento Verde fixa 13 objectivos quantificados para 2020 e 2030 e procura estabelecer as bases para um compromisso em torno de políticas, objectivos e metas que impulsionem um modelo de desenvolvimento capaz de conciliar o indispensável crescimento económico, com um menor consumo de recursos naturais e com a justiça social e a qualidade de vida das populações.
Foto: Anabela Loureiro