A Câmara Municipal do Porto (CMP) apresentou hoje o projecto do mercado do Bolhão que se encontra há 30 anos à espera de ser reabilitado. A promessa é de devolver este espaço à cidade e aos vendedores sem o recurso a fundos privados.
"Adiado há décadas, o restauro do edifício vai mesmo avançar”, depois de ter sido aprovado um “saldo de gerência histórico” que permitirá à autarquia “avançar com o projecto mais rapidamente e mesmo antes de estarem garantidos fundos comunitários” e “sem depender de investidores privados”, garantiu o presidente da CMP.
Um saldo “histórico” superior a 54 milhões de euros com que a autarquia portuense fechou o ano económico de 2014, permite independência “de terceiros ou de endividamento bancário” e maior sustentabilidade para projectos como o do Bolhão, afirmou Rui Moreira. Declarando também que "é evidente que, quando conseguimos resultados desta natureza, isso permite-nos, depois, sustentar projectos que até agora não eram fáceis e não dependiam apenas da nossa vontade”, acrescentando que agora têm uma “maior liberdade” para se dedicar a projectos “historicamente adiados”.
O projecto do mercado do Bolhão, edifício icónico da cidade e que estava há 30 anos à espera de obras de reabilitação, pretende ser conservador, mantendo a traça original do espaço, preservando o mercado de frescos e introduzindo diversas soluções tecnológicas para torná-lo mais seguro e confortável.
Segundo a autarquia, a intervenção vai privilegiar soluções tecnológicas actuais, o conforto dos comerciantes e visitantes, a segurança humana e alimentar, redes de electricidade, esgotos, frio e aquecimento modernas. O edifício será dotado de coberturas no piso inferior, acesso directo ao metro e cave técnica com acesso para cargas e descargas a partir da rua Alexandre Braga. O piso superior, com entrada pela rua Fernandes Tomás, vai manter a parte comercial e instalar restauração, transferindo todo o mercado de frescos para o piso inferior.
“E tudo isto, sem estragarmos o Bolhão. Tudo isto, mantendo a sua traça, a sua função, as suas soluções mais genuínas e a sua alma”, garantiu o presidente da edilidade. Defendendo que “temos que garantir a elevação de pessoas com mobilidade reduzida através de elevadores; temos de assegurar que aqui se podem fazer cargas e descargas com condições de sustentabilidade e conforto para as imediações do mercado. Temos que garantir que o mercado apresenta condições competitivas para que a indústria da restauração e da hotelaria aqui venha abastecer-se”.
Rui Moreira prefere classificar a empreitada simplesmente como “O Projecto do Mercado Bolhão”, um projecto que tem “uma dimensão de arquitectura, uma dimensão económica, uma dimensão cultural, uma dimensão turística e uma dimensão humana que ultrapassam, até, qualquer entendimento técnico”.
O presidente da autarquia portuense adiantou ainda que o concurso público para a execução da obra será lançado depois do próximo Verão, mas não se compromete com datas para a finalização da mesma. “A obra será feita no menor prazo possível para ficar bem-feita, a tempo dos seus actuais vendedores regressarem e voltarem a encher este lugar com a sua fruta, as suas flores e sua alegria”.
Rui Moreira assegura ainda que não serão indispensáveis verbas privadas para a concretização do projecto, pois a autarquia, graças à folga orçamental que apresenta, garante os 20 milhões de euros necessários à execução do mesmo e que incluem ainda o mercado transitório que vai acolher os comerciantes até ao final da empreitada.
Recorde-se, que o mercado do Bolhão está, desde 2005, suportado por andaimes devido a um alegado risco de ruína que só não levou ao seu encerramento porque os comerciantes o impediram. Teve um primeiro projecto de requalificação em 1998 e foi objecto de muitas promessas eleitorais, mas nunca nada saiu do papel pelas mais diversas razões. Vamos ver se agora é de vez…
Foto: CMP