O Governo encontra-se a iniciar o processo de debate e definição estratégica do novo ciclo de investimentos pós-2020. Neste âmbito, a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), que sempre defendeu consensualização do investimento estruturante, questiona: “Será que é desta?”
Em comunicado, a CPCI considera que o início do processo de debate e de consensualização do quadro estratégico para o próximo ciclo de investimentos pós-2020, vem dar resposta a uma das questões estruturais que sempre defendeu e que considera ser essencial para o País e não pode ser ignorado por nenhum agente económico, social ou político.
Citado no documento, o presidente da CPCI, Manuel Reis Campos, considera mesmo que “esta é uma matéria cuja iniciativa cabe ao Governo, mas que assume um carácter supra-partidário. É obrigação de todos os partidos participar na definição de uma estratégia que fortaleça a posição nacional junto da restante Europa e, desta forma, permita defender adequadamente os nossos interesses”.
“Todos sabemos que este é um assunto da maior importância, porque o acesso ao financiamento europeu é imprescindível”, diz Reis Campos, e “todos os partidos têm o dever de procurar alcançar uma base mínima de entendimento em domínios tão relevantes como a conectividade internacional, a energia, a sustentabilidade e a própria política de cidades, incluindo a reabilitação urbana. Estes são temas que devem estar acima do combate político-partidário”.
O dirigente recorda que, “o Governo anterior, liderado pelo PSD, já tinha discutido e aprovado o PETI 3+, Plano Estratégico dos Transportes e das Infra-estruturas, que também foi objecto de um largo consenso para um conjunto importante de obras a concluir até 2020 em diversas áreas como a ferrovia, portos, aeroportos, entre outros, num total que ultrapassava os seis mil milhões de euros e a sua implementação foi assumida pelo actual Governo”. “Portanto, se, em particular, os dois principais partidos, PS e PSD já estão de acordo num conjunto de obras que são essenciais para o País, se ambos têm o mesmo objectivo e reconhecem que Portugal não pode ficar à margem da restante Europa, então, não há motivo para adiarem entendimentos nestas matérias estruturantes”, acrescenta.
A confederação refere ainda que “num contexto em que a Europa aposta nas infra-estruturas como estratégia prioritária para o desenvolvimento sustentado e a competitividade do espaço europeu”, Reis Campos “aponta para os últimos dados acerca do andamento da economia portuguesa, em que se verifica que praticamente um quarto (24,4%) do crescimento de 2,9% do PIB se deve ao investimento em Construção e, relativamente a este apelo ao consenso em torno do investimento, questiona: Será que é desta, que Portugal poderá contar com um verdadeiro pacto de regime, que permita um planeamento e calendarização para o futuro e que prevaleça face à indefinição dos ciclos eleitorais?”.
Foto: Anabela Loureiro