Há alguma coisa melhor do que emigrar? Partir para o desconhecido, conhecer novas culturas, enfrentar novos desafios, ganhar mais dinheiro?
Não somos afinal um País de emigrantes? Vasco da Gama já não estaria imbuído desse sentimento? Que se lixem as famílias e os amigos, é preciso é seguir em frente.
Miguel Relvas, esse catedrático do Governo, corrido entretanto, por indecente e má figura, chegou a dizer a um canal de televisão do regime que o que mais gostou numa ida a Moçambique tinha sido a alegria e a satisfação com que encontrou jovens compatriotas a dançar numa discoteca em Maputo. Não sei qual era a média de alcoolémia do ministro e dos seus recém-conhecidos, mas nada me leva a duvidar que estivessem todos realmente muito alegres.
O que está a acontecer neste País é pura e simplesmente criminoso. Portugal está a perder os seus melhores talentos e eu só espero que os dominantes da classe política nacional se transformem também em emigrantes. Ofertas não lhes faltarão, no FMI, no BCE, em qualquer organização internacional. Lembram-se de Victor Gaspar?
Não me obriguem a lembrar um dos momentos do Telejornal que vi há dias, sobre os emigrantes portugueses na Suíça – só este ano já foram 13 mil. Um engenheiro civil dava-se por satisfeito por ter encontrado trabalho num restaurante. Não que tenha alguma coisa contra os empregados de mesa. Pelo contrário. Tenho a maior consideração por todas as profissões. Só que o jovem licenciado não precisava de ter estudado tanta matemática e tanto cálculo...
Joaquim Pereira de Almeida
Foto: Anabela Loureiro