A Aguirre Newman apresentou os resultados obtidos em 2014, revelando que obtiveram um crescimento na ordem dos 30%. Esta realidade é também o reflexo de que algo está a mudar no mercado imobiliário nacional, para melhor.

O evento contou com a presença dos representantes máximos da Aguirre Newman, Paulo Silva e Patrícia Liz, que avançaram com o balanço da actividade da consultora nos vários segmentos de mercado a que se dedicam.

Desde logo ficou a saber-se que no segmento de escritórios a consultora esteve envolvida em transacções e renegociações de rendas acima dos 35.000 m², destacando as operações da SATA, da Manpower, da Ecosaúde e de empresas do sector financeiro e de telecomunicações.

Este cenário positivo desenvolveu-se num ano em que, ao nível do mercado, a absorção de escritórios foi a mais alta desde 2009 (126.529 m²). Do mesmo modo, a área contratada em 2014 versus igual período de 2013 e de 2012, aumentou na CBD (Zona 2), no Parque das Nações (Zona 5) e no Corredor Oeste (Zona 6). Tendo o interlocutor referido ainda que a taxa de disponibilidade na Grande Lisboa decresceu para os 12,11% em 2014, tendo em conta igual período de 2013, ou seja, é o equivalente a 552.530 m² de área de escritórios disponível no final de 2014.

Já na área do retalho a Aguirre Newman divulgou que durante o ano passado representou diversos arrendatários ligados à actividade bancária, cosmética e de aparelhos auditivos, totalizando aproximadamente 50 lojas.

Estes valores não são de estranhar quando se fica a saber que as zonas prime continuam a ser as mais procuradas em Lisboa, nomeadamente a Avenida da Liberdade e a Rua Garrett que estão no topo da lista de preferências das marcas nacionais e internacionais de moda e de luxo, mas que também se verificou o aumento do número de lojas disponíveis fora dos eixos principais, devido ao encerramento de alguns estabelecimentos comerciais que não conseguiram fazer face à redução do consumo privado.

As rendas prime mantiveram-se estáveis nas zonas prime, enquanto as rendas médias diminuíram ligeiramente nas zonas prime e restantes. Segundo a Aguirre Newman tal ficou a deveu-se à diminuição da procura, que levou a uma maior abertura por parte dos senhorios para a renegociação das rendas.

No segmento de centros comerciais há apenas a registar a inauguração, no final do 4º trimestre de 2014, do centro comercial Alegro Setúbal, com uma ABL de 41.200 m². No entanto, esta consultora acredita que os centros comerciais Dolce Vita Braga (42.000 m²) e Évora Shopping (16.000 m²), ambos actualmente na posse de bancos nacionais e que se encontram em construção, podem abrir a curto prazo.

A consultora anunciou igualmente que registou um incremento de instruções de Procurement no sector da restauração e promoveu o acompanhamento na expansão da Padaria Portuguesa na sua nova colocação no Restelo, numa área de 200 m².

Já o departamento de Industrial e Logística da Aguirre Nrewman esteve envolvido em transacções que ultrapassaram os 22.500 m². Entre as suas operações conta-se a venda de um edifício, no Parque das Nações, para uma empresa de materiais de construção (4.050 m²) e o arrendamento de um armazém, em Camarate, a uma empresa de distribuição de bebidas (8.800 m²).

No que concerne a este mercado de uma forma geral, em 2014, merece nota o facto da procura por armazéns ter aumentado, especialmente por parte de empresas estrangeiras do sector da metalúrgica, à procura de mão-de-obra qualificada e a custos competitivos. É preciso referir ainda que a média dos valores de arrendamento de armazéns no primeiro semestre de 2014 estabilizou quando comparado com 2013; no entanto, face ao aumento da procura de instalações existentes, a flexibilidade de negociação dos proprietários diminuiu.

Paulo Silva salientou também a área de investimento, em que as acções da Aguirre Newman que mais se evidenciaram foi a venda de edifício na Avenida da Liberdade, por cerca de seis milhões de euros e na Zona 2 a venda de edifício por 10 milhões de euros. O mesmo fez saber que, durante o ano de 2014, estima-se que tenham sido investidos em Portugal um total de 730 milhões de euros, sem a componente residencial, aproximadamente 22% acima do total investido em 2013. Aliás, estima-se que o sector de escritórios tenha representado cerca de 170 milhões de euros do total investido em 2014, em torno de 77.500m² transaccionados.

Ainda no investimento, os investidores estrangeiros foram responsáveis por cerca de 90% do total investido em 2014, contra os 10% provenientes do investimento nacional. Esta realidade vai levar o País à retoma da tendência verificada em 2006, com o volume de investimento estrangeiro a ser superior ao volume de investimento nacional.

Ao nível das avaliações, o valor de activos avaliados pela Aguirre Newman foi superior 2,5 biliões de euros e a área de construção avaliada superior a 2,3 milhões de m². A consultora teve um crescimento quer em número de clientes, quer em número de instruções, destacando-se a avaliação de vários portfólios para investidores internacionais. Ao nível da consultoria têm em curso processos de Due Diligence em 18 edifícios, entre escritórios e comércio.

No âmbito da arquitectura, os projectos de reabilitação, embora se encontrem ainda em curso, superam os 15.000 m². Aliás, os principais projectos de escritórios desenvolvidos excederam os 10.000m². Chassis Brakes International, CSL Behring, SATA, Siemens foram alguns desses projectos.

Uma nota ainda para a hotelaria em que a consultora salienta o facto do sector do Turismo estar a ganhar ênfase na região de Lisboa, com a oferta hoteleira da capital a apresentar de 1993 a 2010 um crescimento interessante, atingindo uma taxa anual composta de crescimento do número de hotéis de 4,4%. Para este crescimento contribuíram iniciativas tais como: Capital Europeia da Cultura (1994), a Expo 98, Rock in Rio e o Euro 2004. Na sua opinião, a oferta hoteleira na cidade de Lisboa vai continuar a crescer estando previstos até 2016 mais 13 unidades que vão perfazer 1.174 novos quartos, o que representa um aumento de cerca de 5% face ao stock actual.