Entre Janeiro e Maio de 2015, foram registadas 3.487 empresas insolventes em Portugal, um número que se mantém inalterado face a igual período de 2014. No entanto, em termos de constituições a nota é de crescimento, com destaque para os sectores do “Comércio Automóvel” e “Hotelaria e Restauração”.
Depois da tendência crescente nas insolvências iniciada em 2008 e apenas invertida no ano passado, 2015 tem confirmado a resiliência do tecido empresarial português, com o número de empresas insolventes a manter-se inalterado face a 2014. No total, considerando o período entre Janeiro e Maio, foram registadas 3.487 empresas insolventes em Portugal, o que compara com as 3.488 observadas no período homólogo de 2014, revelam dados da IGNIOS referentes ao mês de Maio.
Para António Monteiro, CEO da empresa especialista em soluções integradas de gestão de risco para o sector empresarial, “até agora 2015 está a ser marcado pela desaceleração das insolvências, o que, tendo em conta a conjuntura dos anos anteriores e o respetivo comportamento do tecido empresarial nacional, não deixa de ser um balanço positivo. Analisando os primeiros cinco meses do ano desde 2008, a tendência até 2013 foi de crescimento dos níveis de insolvência, sendo apenas interrompido no ano passado. E este ano, confirma esta inversão de tendência”.
Do total de insolvências registadas nos primeiros cinco meses de 2015, 1.417 dizem respeito a processos já concluídos (declarações finais de insolvência), os quais continuaram a aumentar (+11,1% do que em 2014). Esta subida foi, contudo, compensada pela descida de 9,8% nas insolvências apresentadas pela própria empresa (935) e também as insolvências requeridas pelos credores (1.092) recuaram ligeiramente (-0,7%). Nos Planos de Insolvência, ainda que se mantenham residuais (43), a descida foi significativa (-42,7%).
Em termos de constituições, o documento da IGNIOS contabiliza 17.933 novas empresas criadas nos primeiros cinco meses de 2015, ou seja, mais 11,2% do que no mesmo período de 2014. Neste caso, a tendência tem sido sempre de crescimento homólogo no acumulado, embora em Maio se tenha notado uma ligeira desaceleração no ritmo (em Abril, o crescimento tinha sido de 14,1%).
Os distritos de Lisboa, Porto, Aveiro, Setúbal e Braga continuam a ser dominantes quer enquanto destino de constituição de novas empresas quer enquanto palco de insolvências, contudo, nestes primeiros cinco meses do ano, outros distritos ganharam também destaque. Em termos de insolvências, evidenciaram-se pela positiva Leiria, Faro e Santarém, que registaram descidas no número de empresas insolventes de, respectivamente, 5,6%; 24,5% e 13,3%. Em sentido contrário, Coimbra (+17,1%), Évora (+32,7%), Vila Real (+26,5%) e Viana do Castelo (+6,3%) sofreram um aumento importante nas insolvências, apesar de se manterem como distritos com um peso relativo baixo no total nacional de empresas insolventes. Nos distritos que mais pesam em termos de insolvências, Braga (+21,9%), devido sobretudo ao sector do vestuário, e Setúbal (+11,6%) registaram ambos aumento do número de empresas insolventes nos primeiros cinco meses do ano; enquanto que em Lisboa (-0,5%), Porto (-14%) e Aveiro (-7,5%) a nota foi de redução.
Em termos de constituições, Aveiro (1.102 empresas constituídas) aumentou significativamente, o seu peso relativo (de 5,7% para 6,1%), tal como Leiria (de 3,7% para 4,2%, num total de 760 empresas) e Coimbra (de 3,2% para 3,6%, com 647 empresas). Já o Porto (3.324 empresas) perde peso para 18,5% do total; Braga (1.476 empresas) para 8,2% e Setúbal (1.103 empresas) para 6,2%. Lisboa também perdeu representatividade e, com 4.998 empresas constituídas, diminuiu o seu peso de 29,3% para 27,9%.
Nos sectores de actividade, os serviços dependentes da procura interna e de consequentes importações constituem a maioria das insolvências, mas, não obstante, registaram, em geral, uma inflexão de crescimento, com excepção de algumas áreas como os “Transportes Terrestres” (+32,7% de insolvências) e a “Restauração” (+5,5%). Em termos de peso, o sector “Outros Serviços” continua a dominar as empresas insolventes (18,6%), seguindo-se a “Construção” (17,8%), o “Comércio a Retalho” (14,6%) e o “Comércio a Grosso” (14%).
Já nas constituições, o “Comércio Automóvel” regista um dos aumentos mais expressivos em termos relativos (+21,9% para 657 empresas), favorecido pelo aumento de volume de negócios; assim como a “Hotelaria e Restauração”, que aumentou 16,4% o número de empresas criadas face a 2014 e lidera os aumentos em termos absolutos (+296 empresas), com 1.670 constituições de Restauração e 429 de Alojamento. Destacam-se ainda o “Comércio a Retalho”, com um crescimento de 12,5% para 2.292 e a “Agricultura”, com um crescimento de 19,7% para 1.031 empresas criadas. Pelo contrário, o “Comércio por Grosso” diminuiu para 1.363 (-4,7%). O sector “Outros Serviços” continuam a ser predominantes, com um peso de 40%, seguidos do “Comércio a Retalho” (peso de 12,8%) e da “Hotelaria e Restauração (peso de 11,7%).