A consultora imobiliária Aguirre Newman analisou a dinâmica do mercado imobiliário na zona ribeirinha, em Lisboa, que tem registado um súbito interesse por parte de investidores nacionais e internacionais a nível empresarial, turístico e residencial.
Relativamente ao mercado de escritórios, o ano de 2015 está a ser marcado pela recuperação desta zona com a migração da sede da EDP para a Avenida 24 Julho, que contribuiu com 13.900m² para o stock existente.
Nos últimos 10 anos, foram construídos na zona da ribeirinha 35.000m² de área para escritórios. É de salientar que cerca de 40% deste valor corresponde ao recente caso da EDP, e os restantes 60% não corresponderam a uma construção especulativa mas a projectos com arrendatários pré-contratualmente definidos.
A frente de rio do Parque das Nações tem sido uma zona de atracção para empresas instalarem os seus escritórios. “Acreditamos que por força da escassez da oferta no Parque da Nações e o aumento da procura na frente ribeirinha, haverá um crescimento estruturado entre Santa Apolónia e Alcântara onde estão em curso a reconstrução/reabilitação de alguns edifícios já com utilizadores finais identificados”, comenta Eduardo Fonseca, director do departamento de Development da Aguirre Newman.
Eduardo Fonseca relembra que “além de todo o potencial que a zona oferece no que diz respeito à reabilitação, há ainda uma grande capacidade para o desenvolvimento de construção nova”. Para o efeito, o director do departamento de Development da Aguirre Newman, foca “o Plano de Pormenor designado como ‘Aterro da Boavista’, compreendido entre o Mercado da Ribeira e a Rua Dom Carlos I, que tem uma capacidade construtiva acima dos 110.000m² entre escritórios, habitação e comércio, assim como os terrenos disponíveis entre Santa Apolónia e o Parque das Nações. Com a expansão e revitalização de toda esta frente, acabamos por alcançar uma continuidade/ligação entre o Parque das Nações e Alcântara, designadas pelas Zonas 5 e 4 respectivamente (segundo o âmbito de classificação do LPI)”.
Esta viragem comportamental também pode ser associada à falta de oferta de escritórios no Parque das Nações contando apenas com 5,55% de taxa de disponibilidade, valor inferior às restantes zonas da cidade.
A deslocação da sede da Abreu Advogados para o antigo edifício da Administração do Porto de Lisboa, em Santa Apolónia, para o final de 2016, vem confirmar esta tendência.
Paula Sequeira, directora do departamento de Consultoria, refere ainda que “os investidores e promotores estão atentos a esta dinâmica que se faz sentir ao verem a oportunidade de expandir a oferta de escritórios nesta zona. A ilustrar esta situação está o caso do Edge Group que adquiriu dois imóveis, bem como o caso da Fidelidade Property que está igualmente a apostar no desenvolvimento de dois projectos para escritórios”.
O mercado hoteleiro também está bastante voltado para esta zona da cidade. A proximidade com a Baixa-Chiado, Cais do Sodré e Mercado da Ribeira são alguns dos motivos que captam a atenção das unidades hoteleiras que desejem instalar-se em Lisboa. Mais uma vez, o impacto da instalação de grandes empresas nesta zona faz vislumbrar a ida de outras, apresentando mais condições para investir neste sector. O facto de esta ser uma zona histórica da cidade leva a que as possibilidades do desenvolvimento hoteleiro passem pela reabilitação de edifícios antigos. Por sua vez, devido à dimensão dos edifícios existentes, são unidades de pequena dimensão que têm espaço para integrar esta zona da cidade, com oferta de hotéis entre três e quatro estrelas.
No que diz respeito ao mercado residencial, Lisboa tem registado um forte entusiasmo no investimento deste sector. Em 2015, a zona em análise tem contado com diversos empreendimentos que surgem da reabilitação de edifícios devolutos, sendo a maioria direccionados para a habitação de luxo.
Assim, um futuro promissor é apontado para esta zona da cidade de Lisboa. A mudança de instalações da EDP para a 24 de Julho terá sido o mote para o desenvolvimento do mercado de escritórios, bem como outros que estejam directamente relacionados. A clara abundância de edifícios devolutos favorece que a zona ribeirinha se torne mais dinâmica, pelo investimento na reabilitação. O desenvolvimento do sector empresarial tem vindo assim a apoiar diversas áreas desde a habitação aos serviços de saúde, passando pela hotelaria. A corroborar este argumento, está o cenário da oferta de serviços, que até então era limitada. A renovação do Mercado da Ribeira bem como o projecto CUF Tejo da José de Mello Saúde, para 2018, têm já vindo a ser acções que estimulam a zona ribeirinha.
Foto: Câmara Municipal de Lisboa – Ribeira das Naus