O volume de investimento imobiliário no sector comercial em Portugal, em 2015, atingiu o “máximo histórico”, com cerca de 1,9 mil milhões de euros. Esta é apenas uma das boas notícias avançadas pela consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W).
Na última apresentação da C&W, o Managing Partner Eric van Leuven vaticinava que o ano de 2015 iria fechar com o valor de dois mil milhões de euros. Hoje, na apresentação dos resultados, explicou que este número só não foi atingido porque, à semelhança de 2014, várias transacções “derraparam” para o ano seguinte. Aliás, adiantou que a consultora tem 500 milhões de euros de investimentos “à espera de assinar contrato”.
Considerando 2015 um “ano excepcional para o mercado imobiliário português”, Eric van Leuven revelou que o volume de investimento imobiliário no sector comercial em Portugal ultrapassou o “máximo histórico desde que existe registo”, tendo atingido cerca de 1,9 mil milhões de euros. Segundo o interlocutor este foi um ano “muito melhor que o de 2007 (em que se registou 1,2 mil milhões de euros) e sem qualquer comparação com os anos anímicos de 2010 ou 2011”.
Deste investimento 90% foi proveniente de capitais estrangeiros, embora reconheça que os 10% de capitais nacionais devem ter provavelmente “muito dinheiro estrangeiro por trás”. Em termos de nacionalidades dos investidores, de acordo com Marta Esteves Costa, responsável pelo departamento de Research & Consultoria, dominaram os americanos que se envolveram na aquisição dos maiores portfólios, lembrando a maior operação do ano em termos de volume da Blackstone relativamente aos centros comerciais Fórum Almada e Fórum Montijo. Aliás, os maiores investimentos realizados surgiram ao nível do retalho (65%), seguidos dos escritórios (20%) e do turismo (8%).
Os dados apresentados mostraram também que duplicou o valor médio por transacção, em cerca de 40 milhões de euros, que resultou do maior número de portfólios transaccionados. O representante máximo da C&W Portugal acredita que “em 2016 esta forte procura de investimento deve manter-se, sendo muito possível que se atinja mais um máximo histórico em termos de volume”.
Retoma do sector
Ao nível dos escritórios verificou-se uma “retoma do sector”, em que o maior negócio do ano foi a ocupação da EDP da sua nova sede em Santos, seguindo-se o Banco de Portugal no Castilho 24 e a Teleperformance na Álvaro Pais.
Foi, no entanto, no Corredor Oeste e na Zona 3 que a desocupação foi mais elevada (18% e 13% respectivamente). O Parque das Nações manteve uma evolução favorável e pela primeira vez foi a zona com menor taxa de desocupação (-6,5%), ainda assim, a tendência será para que a oferta se esgote a longo prazo. Em termos gerais de oferta futura, a C&W defende que este sector dá mostra de sinais de recuperação, tendo 50.000 m2 disponíveis para os próximos três anos.
No retalho, a procura manteve-se dinâmica em 2015, sendo curioso constatar que esta evolução positiva sentiu-se para lá das localizações prime de rua e chegou também aos centros comerciais e até às ruas das cidades secundárias.
Na análise da consultora, que englobou centros comerciais em Portugal e comércio de rua de centro de cidade, apurou que terão aberto, ou renovado contratos, 350 lojas em Portugal, sendo que a grande maioria foram novas aberturas. Os sectores da restauração e da moda lideraram as aberturas, cuja maior concentração observou-se em Lisboa, seguida das localizações de Porto, Sintra e Viseu.
Se em 2015 apenas abriu a Galeira Comercial do Jumbo Sintra, para 2016 espera-se a abertura do Nova Arcadia Braga e a expansão do Oeiras Parque e para 2017 o InterIkea em Loulé e a expansão do NorteShopping. Aliás, Eric van Leuven confirmou a tendência dos investidores em apostar nos “activos de retalho português já existentes”.
Já na vertente industrial existiu “pouco dinamismo” e a tendência é para a “recuperação da compra de imóveis usados para ocupação própria ou renovação”. No entanto, Eric van Leuven fez a ressalva para o facto de os investidores estrangeiros terem-se mostrado activos na compra de portfólios logísticos.
A actividade de reabilitação urbana deve também manter-se extremamente activa ao longo de 2016, aliás à semelhança de 2015, até porque, como Eric van Leuven salientou, “o novo Governo já deu sinais de que vai continuar a apoiar esta área”. Paralelamente vai-se assistir ao lançamento de novas obras que deverão “começar a surgir facilitadas por um mercado ocupacional mais dinâmico, tanto em retalho como escritórios, e por uma maior propensão ao financiamento por parte das entidades bancárias”.
Refira-se ainda que a mudança de Governo não incomodou os investidores estrangeiros; no entanto, Luís Rocha Antunes, director do departamento de Capital Markets Group, salienta que o “maior receio dos investidores são as alterações ao regime fiscal que possam vir a surgir”.
De acordo com o managing partner da C&W “2015 foi o melhor ano de sempre” da consultora e tudo indica que, em 2016, ano em que celebra 25 anos de actividade em Portugal, esta fasquia poderá ser superada.
Foto: Anabela Loureiro