O estudo PHMS revela que, em Dezembro de 2015, a actividade de compra e venda de habitação estagnou em Portugal, ao mesmo tempo que a procura por arrendamento continuou a reforçar-se conduzido a uma aceleração no crescimento das rendas. No entanto, os participantes no inquérito antecipam que esta seja uma tendência temporária.
Este cenário é revelado no mais recente Portuguese Housing Market Survey (PHMS), inquérito mensal produzido pelo RICS e pela Confidencial Imobiliário (Ci).
No mercado de arrendamento, a procura por parte dos arrendatários acelerou ao longo de Dezembro, ao mesmo tempo que se voltou a registar uma forte quebra nas novas instruções por parte dos proprietários. Face a este cenário, as rendas continuaram a recuperar, mas a um ritmo mais acelerado.
O PHMS revela ainda que os valores das rendas habitacionais têm vindo a aumentar de forma constante ao longo dos últimos oito meses em Portugal, sucedendo a anos de declínio constante deste indicador. E as expectativas dos participantes no inquérito é que a actividade no mercado de arrendamento se continue a desenvolver positivamente nos próximos meses, prevendo mesmo um crescimento adicional das rendas no curto prazo.
Já no mercado de compra e venda, o ritmo de consultas por potenciais clientes estagnou em Dezembro pela primeira vez desde o final de 2013, com o volume de vendas a manter-se também inalterado. E, do lado da oferta o sentimento de mercado não é igual entre os mediadores e os promotores imobiliários, com os primeiros a reportarem um ligeiro acréscimo das suas transações enquanto os segundos dão conta de um declínio considerável das vendas.
Em Dezembro, os preços da habituação continuaram a recuperar em todo o País, embora o ritmo tenha desacelerado em relação ao do início do ano. As expectativas dos profissionais continuam em terreno positivo, antecipando uma subida deste indicador em cerca 2% ao longo dos próximos 12 meses e a um ritmo médio de 4% ao ano durante os próximos cinco anos. Numa análise região a região, o PHMS estima que o Algarve lidere na subida de preços em 2016, com uma evolução de 3%, ao passo que nos mercados de Lisboa e do Porto o crescimento será de 2% e 1%, respectivamente.
“Embora os últimos resultados mostrem uma desaceleração da actividade em Dezembro, os indicadores futuros permanecem, no geral, optimistas. Com a melhoria da economia nacional, reúnem-se as condições para o mercado retomar a sua recuperação nos próximos meses. No entanto, só o tempo dirá se este é um comportamento pontual ou o início de uma tendência mais duradoura”, comenta Simon Rubinsohn, economista sénior do RICS.
Ricardo Guimarães, director da Ci nota que “a incerteza é frequentemente mencionada nos comentários produzidos pelos agentes que participam no inquérito. As actuais condições no sistema financeiro parecem ser a principal causa. Ao nível interno, a incerteza é vista como uma fonte de potencial constrangimento na obtenção de novos empréstimos. Ao nível externo, a incerteza gera potenciais efeitos negativos na atração de investimento internacional, num momento em que é crucial para o mercado”.
Foto: Anabela Loureiro