Esta afirmação foi proferida pelo director-geral da Jones Lang LaSalle Portugal (JLL), Pedro Lancastre. A consultora revelou que o “ambiente de negócios mudou” em Portugal e acredita que já se pode falar de uma “retoma do investimento imobiliário”.
A consultora apresentou hoje os resultados da actividade, considerando que “2013 foi o ano de inversão do mercado de investimento imobiliário”. Com efeito, sobretudo a partir do segundo semestre, existiu “uma duplicação dos volumes transaccionados em imobiliário comercial face a 2012 para um valor acima dos 300 milhões de euros”.
Para esta realidade muito terá contribuído os investidores estrangeiros que agora, após quatro anos de ausência, regressaram ao mercado português, contribuíndo já com um “peso de 70% no volume de transacções”. Do mesmo modo, os Golden Visa também vieram dinamizar o imobiliário português, “trazendo mais de 270 milhões de euros em investimento estrangeiro maioritariamente no segmento habitacional”.
É claro que esta recuperação não se faz sentir “em todas as áreas, mas a tendência deverá manter-se em 2014", explicou. Neste ponto há que considerar a situação económico-financeira, ainda uma incógnita, se Portugal terá de pedir ou não um segundo resgate à Troika e isso “seria um retrocesso”, segundo o interlocutor. É que “no primeiro semestre pairava a possibilidade de Portugal sair do euro, o que, felizmente, não se veio a concretizar, e no segundo semestre a situação económica começou a aliviar” propiciando um cenário mais positivo.
Pedro Lancastre sustenta que o “ambiente de negócios mudou”, “o próprio mercado também mudou”. Neste sentido, esclareceu que “hoje o financiamento é muito caro e praticamente inexistente e quem investe fá-lo com fundos próprios”. Entre os investidores contam-se os “privados que pouparam, famílias que perceberam que o imobiliário é um investimento muito mais seguro e também investidores institucionais”. Aliás, referiu mesmo que já existem “investidores oriundos de novos mercados que até hoje nunca tinham olhado para o nosso País para investir”, tal é o caso da China.
Numa análise mais concreta ao mercado nacional, o segmento de escritórios revelou, em 2013, um “recorde histórico negativo”, tendo registado 78.182m2 de absorção, dos quais 68% foram referentes a mudanças de escritórios e 38% de novas empresas ou empresas que cresceram a sua área. No segmento de centros comerciais, pelo segundo ano consecutivo, não se inauguraram novos espaços. Ainda assim, está prevista a inauguração do Alegro Setúbal para este ano e o IKEA Loulé em 2016, ambos sob a responsabilidade da JLL.
Do lado oposto desta realidade surge o comércio de rua, sobretudo nas zonas prime e ao nível das lojas de luxo, sendo as zonas mais procuradas a Avenida da Liberdade, o Chiado e o Princípe Real.
Em 2013 existiu um aumento do volume de investimento que originou um maior número de avaliações para efeitos de compra e venda por parte da JLL. A este nível, as sociedades de capital de risco estiveram mais activas, assim como os fundos de investimento imobiliário nacionais e internacionais. Aliás, é ao nível do investimento que a consultora se mostra mais optimista para 2014.
No que diz respeito à actividade da JLL, esta teve um aumento do volume de negócios na ordem dos 30%, de 2012 para 2013. Como Pedro Lancastre explicou: "A nossa actividade superou a evolução do próprio mercado com um crescimento de 90% nas áreas transaccionais e de 6% nas áreas não transaccionais, que continuaram o percurso de expansão".