Já pensou como vai ser o futuro do imobiliário? Partindo de um ‘wishful thinking’, a conferência ‘The Future of Real Estate’, promovida pela consultora imobiliária Cushman & Wakefield, pretendeu, mais do que responder a esta questão, perceber os novos caminhos e oportunidades que se avizinham a este sector.
O evento decorreu no Palacete Tivoli, na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Perante uma sala cheia de ilustres, entre os quais investidores, promotores, gestores, financiadores imobiliários e arquitectos, Eric van Leuven, CEO da consultora, recordou que este ano celebram “100 anos a nível mundial”, sendo que em Portugal também são um marco. Como salientou, no nosso País, “ajudaram as pessoas a mudar a forma como habitam” e estiveram também envolvidos em “projectos emblemáticos” e sempre na “vanguarda do imobiliário”, recordando, a título de exemplo, o primeiro Office Park, Centro Comercial ou Retail Park.
Eric van Leuven afirmou que “o sucesso do passado não é o sucesso do futuro”, por isso “temos de nos reinventar”. Este foi, precisamente, o ponto de partida para reflectir sobre o futuro do imobiliário e de como a forma de habitar, trabalhar e consumir tem impactos nos profissionais e no sector.
Do leque de oradores fez parte Toby Ogden da Cushman & Wakefield; José Costa Faria, do Gefco Group; Rui Dias Alves, da Retur on Ideas; Darren Yates, da Cushman & Wakefield; Vanessa Lee Butz, do District Technologies; e Josef Hargrave, da Arup.
Uma ideia transversal a estes especialistas foi que para “saber para onde vai o futuro e o futuro do imobiliário, tem de se perceber as mudanças no mundo”, como Toby Ogden declarou. Num mundo em constante mudança, as decisões têm de ser mais rápidas, a inovação tem de ser contínua e tudo a um baixo custo.
José Costa Faria, apesar de focar o mercado muito específico da Logística, trouxe uma visão que poderia ser futurista mas que já está a acontecer em várias partes do mundo.
Como disse: “O retalho e o e-commerce estão a transformar a paisagem do mundo”. Para se ter uma noção desta dimensão José Costa Faria referiu que os “grandes armazéns estão a chegar ao fim” e o futuro, que em vários locais já é hoje, passa por pequenos armazéns mais próximos dos centros urbanos, pelo AIRBNB Armazéns em que os espaços são multiusos e mais flexíveis para reduzir a distância e o tempo de entrega ou a venda/aluguer a dar lugar ao fornecimento de serviços. Tudo isto vai trazer certamente novos desafios e oportunidades ao imobiliário.
O futuro passa também por percepcionar que “pensar uma cidade é pensar em diversas cidades”, como avançou Rui Dias Alves na sua apresentação. E isso implica conhecer as ‘pop trends’ e deter conhecimento e sensibilidade sobre as diferentes pessoas, diferentes estilos, diferentes experiências de cada habitante de uma cidade.
Darren Yates e Josef Hargrave demonstraram que, quer seja no retalho ou nos espaços de trabalho tudo está a mudar. E são as tecnologias inovadoras e d eponta que estão a ‘empurram’ os seres humanos em novas direcções, novas aspirações, hábitos e desejos. Não é, pois, de estranhar que sejam cada vez mais os espaços de partilha, de mix de talentos, são cada vez mais os novos conceitos de retalho, de lojas…
De acordo com Vanessa Lee Butz, as novas tecnologias estão a promover um ‘upgrading’ do imobiliário conduzindo-o da fase 1.0 para a 2.0, ou seja, os profissionais do sector estão a deixar de se focar no produto para dar um maior enfoque aos clientes e às empresas. Mas já há quem fale na fase 3.0 que vai mais longe e coloca no cerne questões mais humanas, colocando a tónica nos factores sociais e ambientais.
Foto: Anabela Loureiro