Esta realidade foi avançada hoje pela Gazeta Russa que revela que o “medo de sanções leva operadoras de turismo russas à falência”. A quebra em simultâneo de algumas agências está a deixar seis mil russos sem conseguir regressar ao seu país após as suas viagens.
“A indústria de turismo russa foi atingida por uma crise relâmpago”, é assim que a jornalista Janna Lokotkova, da Gazeta Russa, explica o actual panorama do sector. Para ser ter uma noção, em apenas três semanas, oito operadoras foram à falência, prejudicando cerca de 100 mil turistas russos no estrangeiro e com dificuldades em regressa ao seu país.
Os dados avançados pela Agência Federal de Turismo, Rosturism, confirmam esta realidade: “cerca de 6.000 russos afectados pela suspensão das actividades das agências de viagens permanecem no exterior”, sendo que “esse número chegou a 25 mil no início da crise”.
A Gazeta Russa explica que estas “onda de falências” sentiu-se a partir de meados de Julho quando a empresa Neva, uma das maiores e mais antigas operadoras de turismo da Rússia, anunciou a sua falência. É que esta empresa passou de mais de 720 mil turistas em voos fretados para um grande número de destinos anualmente, para, no momento da falência, apenas 7.000 pessoas. Já a falência da empresa Labirinto afectou 60 mil turistas.
Os especialistas apontam como principais causas para a crise factores económicos e políticos e o impacto das sanções dos EUA e da União Europeia. Irina Tiurina, assessora de imprensa da União Russa da Indústria de Viagens (RST, na sigla em russo), citada neste artigo, salienta como factores “o cenário político instável”, o “drástico crescimento das taxas de câmbio” e o “receio das sanções, que muitos russos pensaram ser dirigidas contra eles e, por isso, julgaram antecipadamente que a Europa iria restringir a emissão de vistos, embora isso não tenha acontecido”. Irina Schegolkova, acrescenta ainda que “os russos estão com medo de ficar sem dinheiro no exterior, seja por causa do risco de falência da operadora turística, seja porque seu banco pode ser submetido às sanções e bloquear seu cartão de crédito”.
Este “colapso” do mercado de turismo já foi comparado ao ano de 2009, fruto da crise económica de 2008, considerado um dos anos mais negros da indústria de viagens russa.