Nos últimos dez anos, o volume de área ocupada pelos operadores de Food & Beverage (F&B - indústria alimentar e de restauração) nos centros comerciais duplicou, passando de 7% para 15% do total, apurou o research da JLL. Dentro de dez anos, prevê-se que os centros comerciais venham a alocar 20% da sua área a retalhistas na área do F&B.
Na Europa, os serviços de restauração representam actualmente 15% da ABL (Área Bruta Locável) dos centros comerciais e a JLL prevê que este peso venha a aumentar ao longo da próxima década até atingir, pelo menos, 20% do total.
O sector da restauração é hoje reconhecido como um ingrediente chave para encorajar um maior tempo de permanência nos centros comerciais. Os dados revelam que os consumidores que comem durante uma visita ao centro comercial permanecem em média mais 27 minutos no local e em geral gastam mais 18% em compras.
A tendência para a ‘gourmetização’ da comida e a busca de novas experiências contribuem para a emergência do F&B no retalho. A JLL prevê também um aumento da procura conduzida por operadores asiáticos à medida que os centros comerciais vão atraindo novos consumidores oriundos da China e de outros mercados asiáticos que expandiram significativamente a sua pegada no que toca a viagens intercontinentais. O Reino Unido, em particular, pode esperar mais viajantes chineses em resultado da simplificação da concessão de vistos, que se espera que contribua para um aumento do turismo. A Ippudo, cadeia japonesa de noodles, abriu recentemente lojas em Londres, testemunhando este aumento da procura por comida asiática, que também satisfaz a procura por comida ‘natural’ liderada pelos consumidores mais sensíveis à carga calórica dos alimentos.
Jonathan Doughty, MD da Coverpoint, a área da JLL para o negócio de consultoria no retalho alimentar, comentou: “Num novo mundo online a experiência é a rainha e a gastronomia será a ‘cola social’ que irá manter unidos os espaços de retalho do futuro. Apesar do crescimento das vendas online, é nos centros comerciais que os consumidores podem obter experiências culinárias e de lazer que não podem ser desfrutadas através de uma plataforma electrónica. Uma oferta complementar e bem configurada de restaurantes e cafetarias pode realmente contribuir para diversificar e revitalizar os mercados das maiores cidades mundiais e contribuir também para melhorar a experiência de compra dos consumidores e o tempo de permanência, além de lhes dar motivos adicionais para regressar. Isto é algo que só tende a crescer”.
Isto representa também uma oportunidade para investidores, retalhistas e proprietários. Robert Bonwell, EMEA CEO da área de Retail na JLL, acrescentou: “Actualmente a narrativa do retalho consiste no físico vs online. No entanto, o crescimento da área de F&B evidencia a oportunidade existente para os restaurantes e para a oferta na área alimentar poderem lançar novas tendências na área do lazer e alimentação”.
Outras tendências chave de consumo que estão a impactar o sector F&B incluem a ‘gourmetização’, ou seja, o desejo crescente dos consumidores por uma experiência gastronómica deluxe, com um produto básico a ser elevado para um nível acima. Existe igualmente uma tendência emergente para a comida híbrida, a combinação de dois produtos básicos para criar algo novo. Um exemplo de um restaurante prime neste campo é o Sushi Samba, que oferece um híbrido de comida japonesa, peruana e brasileira. Outro exemplo, mas de um produto híbrido é o ‘cronut’, um cruzamento entre um donut e um croissant, da Rinkoff bakery.
Incluem também a ‘mixologia dos serviços’. Nos restaurantes emerge a combinação de prestação de serviço com o self-service, havendo uma aposta crescente do modelo self-service na restauração para o mercado de massas. Para isso, é essencial que haja um maior envolvimento, conhecimento e competências por parte do staff. Um exemplo neste campo é a Vapiano, onde o pedido é carregado num cartão e pago à saída.
Foto: Centro Comercial Alegro Setúbal – Sua Kay Arquitectos