A afirmação é do presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, que considerou vital a criação do Ministério do Turismo, anunciado, para o efeito, que vai apresentar uma proposta ao actual Governo. Isto, no ano em que o turismo português fica para a “história”.

No encontro que ocorreu em Vila Nova de Gaia a propósito do Dia Mundial do Turismo (27 de Setembro), o presidente da CTP declarou que a confederação “irá apresentar uma proposta, ainda não aprofundada, ao actual Executivo para encontrar um modelo de ‘governance’ que integre, entre outras iniciativas, um Ministério do Turismo”.

Francisco Calheiros defendeu a “importância de encontrar um novo modelo” que “não se limite à gestão do turismo enquanto actividade económica, mas que o liberte de constrangimentos e potencie toda a sua capacidade de gerar emprego e riqueza”. Até porque, como enfatizou, “o bom momento” que o turismo atravessa actualmente “não é um fenómeno passageiro”.

Neste contexto o representante máximo da CTP considera que “os vários instrumentos financeiros criados para capacitar e fortalecer o tecido empresarial devem agora ser utilizados na modernização, internacionalização e adopção de novos modelos de negócio das organizações, de forma a garantir a sua sustentabilidade em períodos menos favoráveis”. E considera também que existe a “necessidade de integrar o turismo num modelo de sustentabilidade ambiental, essencial ao equilíbrio da paisagem e do património”.

Outra das questões levantadas por Francisco Calheiros prende-se com o facto de Portugal possuir “margem para crescer nos principais países emissores e mais ainda em mercados de grande dimensão como os EUA, a China, o Japão e a Coreia” mas, no entanto, continua a faltar “uma solução definitiva para garantir mais ligações aéreas, dado que o aeroporto de Lisboa se encontra no limite da sua capacidade”.

Por isso é peremptório quando diz que “há que ter a coragem de assumir de que nada serve apostar em projectos estruturantes e de grande dimensão, se não mantivermos suficientemente aberta a principal porta de entrada em Portugal, ou se continuarmos a permitir que os turistas que chegam de fora do espaço Schengen esperem horas para conseguir sair do aeroporto, porque os serviços de estrangeiros e fronteiras não funcionam”.

Existem ainda outras questões como a “turistificação e gentrificação das cidades”, “a formação e qualificação das pessoas que se dedicam à actividade turística” ou “a adopção de um quadro legislativo que respeite e siga a especificidade desta indústria”.

O momento serviu ainda para o presidente da CTP avançar com alguns dados no âmbito do ‘Turismo em Movimento Roteiro para a Competitividade’, uma iniciativa da confederação em conjunto com a Pricewaterhousecoopers, referindo que 2017 “ficará para a história como o ano em que o turismo cresceu em quase todos os indicadores: dormidas, hóspedes, proveitos, regiões, mercado interno e mercado externo”. Ano em que foram também registadas 53 milhões de dormidas, 22 milhões de passageiros nos aeroportos e 15,5 milhões de euros em exportações.

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